MANEJO DE Amaranthus hybridus EM ÁREA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NA REGIÃO SUL DO RIO GRANDE DO SUL

Abstract

A área cultivada com soja aumentou no Brasil nos últimos anos, assim como sua produção total. No Rio Grande do Sul (RS) o cultivo da leguminosa também mostra crescimento, sendo utilizado na sucessão à pecuária de corte no período frio, modelo de produção que contribui para melhor utilização das áreas durante os 12 meses do ano, contribuindo assim para o incremento da renda do produtor, bem como, quando bem manejado, colaborar no manejo integrado de plantas daninhas. Apesar disso, a presença de plantas daninhas dicotiledôneas de difícil controle como Amaranthus hybridus em lavouras de soja do RS vêm aumentando. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a eficiência de herbicidas pré- e pós-emergentes, e de diferentes programas de manejo para controle de populações de Amaranthus hybridus. O estudo foi composto por quatro experimentos, dois sob condições controladas em casa de vegetação e dois a campo, em uma propriedade rural no município de Cerrito, RS, que integra a produção de soja com pecuária de corte. Os experimentos evidenciaram que alguns biótipos são tolerantes ao glyphosate e aos herbicidas inibidores de ALS (imazethapyr e chlorimuron-ethyl), e que a utilização dos herbicidas pré-emergentes imazethapyr + flumioxazin, metribuzin, s-metolachlor e sulfentrazone + diuron contribui para o manejo destes biótipos. Verificou-se também que a dessecação do azevém e sua complementação com herbicidas de contato e o uso de pré-emergentes são fatores determinantes para o controle de A. hybridus. Ainda, os resultados apontam que em condições de déficit hídrico, a presença de palha prejudica a eficiência de alguns herbicidas pré-emergentes.

Manejo químico de caruru-roxo (Amaranthus hybridus) com herbicidas aplicados em pré e pós-emergência

“…O herbicida formulado comercialmente com a mistura de [imazethapyr + flumioxazin] apresentou bom desempenho, com eficiência acima de 99% em todas as avaliações, não se diferenciando estatisticamente do flumioxazin aplicado de forma isolada, o qual obteve 100% de controle até os 45 DAT, decrescendo aos 60 DAT para 98,5% (Tabela 2). Estes resultados corroboram com estudos realizados por Martins et al (2020) os quais identificaram bom nível de controle de caruru-roxo pelo flumioxazin. Assim, é possível inferir que o flumioxazin de forma isolada proporciona bom desempenho no controle de dessa planta daninha, não apresentando diferença significativa ao se adicionar imazethapyr, uma vez que este herbicida aplicado isolado não demonstrou controle satisfatório, em especial após os 7 DAT.…”

“…Na avaliação efetuada aos 7 DAT, apenas o herbicida S -metolachlor não atingiu 80% de controle da planta daninha, o que veio a ocorrer posteriormente, dos 14 até 60 DAT onde foi observado eficiência de controle acima de 90% (Tabela 2). Resultados similares também foram relatados em trabalho realizado por Martins et al (2020). O processo mais lento de eficiência pode ser atribuído ao fato de que o S-metolachlor é absorvido pelo hipocótilo das dicotiledôneas, portanto precisa estar disponibilizado no solo para absorção e assim efetivar sua eficiência (Clewis et al, 2006;Meyers et al, 2010) e muitas vezes ocorre a emergência da planta antes da morte.…”

“…O sulfentrazone demostrou bom desempenho, sendo a sua aplicação de forma isolada ou em mistura com o diuron, com controle superior a 98% de caruru-roxo, dos 45 a 60 DAT (Tabela 2). Martins et al (2020) encontraram resultados de controle acima de 90% para o uso de sulfentrazone, corroborando em partes com a presente pesquisa. A eficiência destes herbicidas para controle de espécies de Amaranthus e outras dicotiledôneas também é descrita em outros trabalhos, quando as condições climáticas e de umidade do solo são favoráveis, já que para exercer sua ação fitotóxica as plântulas devem absorver os herbicidas pelas raízes (Krausz et al, 1998;Niekamp et al, 1999;Agrofit, 2023).…”

“…O 2,4-D amina e o dicamba apresentaram controle semelhante, ocasionando a morte das plantas aos 30 DAT, com 100% de controle (Tabela 3). Martins et al (2020) em experimentos conduzidos buscando melhores programas de manejo de caruru-roxo verificaram a necessidade de aplicações complementares com herbicidas de contato, quando utilizaram 2,4-D + glyphosate, para o controle da planta daninha. Em 2016, na Argentina, foi detectado biótipos de caruru-roxo resistentes ao 2,4-D e ao dicamba (Heap, 2023), o que leva a se adotar precaução no uso desses herbicidas no Brasil para o controle da referida planta daninha.…”

“…Entre os métodos de controle de plantas daninhas destaca-se o químico, em especial para a agricultura em larga escala devido a eficácia, rapidez e menor custo ao se comparar com outras práticas de manejo (Santos et al, 2013). A associação e rotação de herbicidas aplicados em pré e/ou pós-emergência de diferentes mecanismos de ação, devem ser consideradas no manejo das plantas daninhas (Riar et al, 2013;Gazziero, 2015;Martins et al, 2020).…”