RESUMOTrata-se de um estudo descritivo e exploratório, realizado no primeiro semestre de 2012, com 12 policiais militares de um Batalhão de Policia Militar de uma capital da região sul brasileira que teve como objetivo investigar os riscos ocupacionais, sob o ponto de vista dos trabalhadores. Os dados foram coletados mediante entrevistas e analisados por meio da análise temática. A pesquisa respeitou a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. A violência física, a transmissão de doenças pelo contato com sangue e os acidentes foram os principais riscos identificados. A maioria referiu usar Equipamentos de Proteção Individual para a proteção à saúde. A maior satisfação da atividade envolve o reconhecimento da comunidade pelo serviço prestado. Cogestão dos problemas cotidianos e educação permanente em saúde podem ser alternativas de protagonismo que podem contribuir para a prevenção de agravos e promoção da saúde dos policiais militares.Palavras-chave: Polícia. Condições de Trabalho. Saúde do Trabalhador. Riscos Ocupacionais.
INTRODUÇÃOO processo de trabalho dos policiais civis, no âmbito da segurança pública, é visto, no geral, apenas do ponto de vista técnico, desconsiderando a pessoa do policial (1) , constantemente exposto à violência de natureza física e mental. Além disso, prescrições, punições e recompensas, características da organização do seu trabalho, alicerçado na hierarquia e disciplina, "incidem diretamente na execução do trabalho, nas relações que se estabelecem entre os policiais e também, de forma mais ampla, aos princípios que devem pautar a conduta destes, mesmo fora do ambiente de trabalho" (2:365) , fatos que podem configurar-se como fatores de estresse, pois envolvem sansões disciplinares de leves a graves.De acordo com estudo realizado no Rio de Janeiro, as corporações policiais se destacam pela pesada carga de trabalho e sofrimento, ocasionando desgaste físico e mental (3) . Estudos internacionais demonstram que atividades de policiamento estão associadas a distúrbios do sono, incorrendo em condução perigosa de veículos, sentimentos de raiva descontrolada, erros administrativos, violação da segurança atribuída à fadiga e ao absenteísmo (4) ,e a exposição crônica à tragédia humana pode colocar os policiais em risco, especialmente aos transtornos de saúde mental, tais como estresse, além de um potencial risco para abuso de álcool ou drogas (5) .Oportuno neste contexto é uma reflexão sobre os dados apontados em um estudo que avaliou a qualidade de vida de policiais civis. Por dificuldades de comparação a outros estudos sobre o tema com policiais, devido à escassez de pesquisas, foi comparado a outros grupos distintos em termos etários, socioeconômicos e culturais, verificando-se que os policiais se encontram com melhor qualidade de vida no que se refere aos domínios físico e psicológico do que os grupos de idosos e pacientes deprimidos estudados. No entanto, esses agentes da segurança apresentaram piores condições do que idosos de comunidade de baixa renda e pacientes deprimidos em re...