“…Contabilizados uma vez mais os predicados irredutíveis de cada obra e abordagem, parece-me haver uma predisposição compartilhada, qual seja, a de assentir acerca de uma dimensão especificamente nacional na vida social brasileira; é justamente às pretensas origens, aos alegados atributos característicos, assim como aos presumidos ordenamentos e transformações dessa dimensão que tais trabalhos devotam atenção prioritária. Trata-se de dizer que -apesar de nem sempre convergirem no tocante às fontes originárias dessa sociedade, aos itinerários de sua formação, ou mesmo aos móveis e sentidos de suas mudanças -perspectivas de análise e gerações de intérpretes as mais variadas tenderam a anuir a respeito da existência de uma vida nacional portadora de traços distintivos, resistentes à passagem do tempo (Maia, 2009, p. 165;Tavolaro, 2014 ;Lage, 2016). O que Ideias e sua fortuna nos ajudam a também perceber é que parcela considerável dessa fatura se inclinou a associar tais feições definidoras aos pretensos descompassos brasileiros vis-à-vis os contextos hegemônicos da modernidade (Schwarz, 1987, p. 30;Arantes, 1992, p. 100;Tavolaro, 2005).…”