Imigração haitiana em Cascavel, Paraná: ponto de convergência entre história(s), trabalho e saúde

Abstract

RESUMO O objetivo do estudo é analisar a relação entre trabalho e saúde dos imigrantes haitianos em Cascavel (PR), com foco na indústria frigorífica avícola. Para tanto, foi realizada pesquisa qualitativa, com três fontes de dados: entrevistas semiestruturadas (11), acordos coletivos de trabalho e notícias on-line. Os haitianos começaram a chegar a Cascavel em 2010 e se inseriram nas agroindústrias avícolas. Nas entrevistas, foram descritas diversas situações envolvidas na saúde do trabalhador, desde sintomas inespecíficos até acidentes de trabalho, além do racismo. Diante desse cenário, a comunidade haitiana tem procurado formas de resistência, por meio da Associação Haitiana de Cascavel e da participação nas igrejas locais.

Um olhar sobre o trabalho e migrantes

“…Logo, tal cenário permite inferir que não é necessária a realização de um grande esforço para constatar as péssimas condições de vida dos migrantes, mas que esse empenho é integralmente necessário para que essa constatação se converta em uma transformação social efetiva, delineada a partir da valorização da vida do grupo em destaque (EBERHARDT et al, 2018).…”

“…Esclarece-se que a população negra tem sido paulatinamente chicoteada, não só pelos sintomas da Covid-19, mas também pelo massacre de seus direitos e pela invisibilidade que o Estado insiste em impor a ela. Essa situação escarniante se torna ainda mais dramática quando essas pessoas negras são migrantes, pois, além das barreiras raciais, sociais e econômicas, entraves linguísticos, culturais e informacionais também são adicionados à conta dos obstáculos a serem transpostos para a validação prática de direitos que, na teoria, já foram consolidados (SARDINHA et al, 2020) (EBERHARDT et al, 2018.…”

Pandemia e imigração: famílias haitianas no enfrentamento da COVID-19 no Brasil

“…In COVID-19 and haitian families in brazil Souza JB, Heidemann ITSB, Geremia DS, Madureira VSF, Bitencourt JVOV, Tombini LHT turn, friends, neighbors and the churches, as highlighted by the participants, play a key role, compensating for the physical distance of the family with solidarity relationships and important support networks in adverse living conditions, as is the case of the confrontation of COVID-19. 2,15,19 The crisis resulting from the pandemic created the opportunity to stop and rethink life. This being with oneself and one's family, even in a situation imposed by quarantine, seems to have caused personal/family evaluation and awakened the perception of the strength of each and every one, not only in facing COVID-19, but in other sectors of daily life lived as an immigrant.…”

“…1 Most Haitian immigrants are black and poor people who are underemployed and face competitive disadvantages due to racism, difficulties in cultural and linguistic adaptation, access to information, and little knowledge of their rights and duties. 2 Add to this concerns and feelings related to the estrangement of family members, since many have left children, spouses, parents, grandparents and others in precarious social and financial situations in their country of origin. It is also necessary to consider the adversities faced, such as theft, extortion, rape, aggression and abandonment in their migration routes to the destination country.…”