Identificação e caracterização de materiais poliméricos descartados indevidamente em um igarapé na região urbana central de Benjamin Constant/AM

Abstract

O Igarapé Esperança, em Benjamin Constant (Amazonas, Brasil), vem sendo afetado por ações antrópicas impróprias. Devido a isso, populações de animais têm sido reduzidas em seu curso, assim como a qualidade de suas águas tem se deteriorado. As causas dessa degradação são várias, desde a utilização do igarapé como depósito de resíduos diversos até o descarte de efluentes domésticos. Nesse contexto, esse trabalho foi desenvolvido com foco nos materiais plásticos (poliméricos) presentes no resíduo sólido descartado no leito desse Igarapé. Para tanto, foi proposta uma combinação rápida e prática de métodos laboratoriais de baixo custo, com o objetivo de realizar a identificação e classificação desses materiais. Foi feita a observação da aparência dos polímeros encontrados, localização dos seus códigos de identificação conforme a norma ABNT/NBR 13.230/2018, análise do comportamento sob aquecimento e determinação da faixa de fusão das amostras. Utilizou-se o método de pesquisa experimental e as técnicas de pesquisa bibliográfica e de campo. A metodologia revelou que os polímeros de maior incidência nas amostras foram o PEAD (40,32%), o PET (29,03%) e o PP (12,9%). Percebe-se também a necessidade urgente de realização de um trabalho amplo de educação ambiental da população, associado à criação de um sistema estruturado de coleta seletiva de resíduos sólidos. Posteriormente, seria interessante implantar na cidade uma cooperativa de reciclagem e reprocessamento de materiais plásticos, com foco principal em PEAD, PP e PET. A cooperativa permitiria o aproveitamento do potencial econômico desse material, gerando renda e contribuindo para o restabelecimento do equilíbrio ecológico do Igarapé.

Igarapés como espaço educacional não formal para estudantes de uma escola pública no interior do Estado do Amazonas, Brasil

“…A pesquisa foi realizada no município de Benjamin Constant, Amazonas, Brasil, distante 1.121 km a oeste da Capital Manaus (Silva et al, 2022). O município conta com uma população aproximada de 43.935 habitantes em 2020 (IBGE, 2020).…”

“…Nessa perspectiva, o docente pode mostrar aos alunos que o lixo pode conter diferentes materiais (resíduos sólidos, tais como vidro, papéis, metais, plásticos, entre outros) que irão seguir diferentes rotas de processamento e transformações químicas para se tornarem novos produtos industrializados (Callister, 2007;Silva, 2020). No caso da reutilização, uma embalagem é transformada em outro artefato com uma nova função, geralmente através de um processo artesanal (Gouveia, 2012;Silva et al, 2022) (Andrady, 2011;Cole et al, 2011, Revel, Châtel & Mouneyrac, 2018Montagner et al, 2021).…”

“…Entre as opções, uma que merece destaque é o ambiente de igarapés (pequeno curso d`água, estreito e de pouca profundidade, mas geralmente navegável por embarcações de pequeno porte) (Alves, 2019), e rios da região, que atravessam áreas urbanas, sofrendo com o descarte incorreto de resíduos sólidos e de efluentes domésticos. A poluição desses locais se configura em um sério problema de degradação ambiental em plena região amazônica, tal como vem sendo apontado por estudos recentes (Araújo et al, 2019;De Melo, Lima & De Araújo Pantoja, 2019;Silva et al, 2022, Silva & Dias, 2023. Essa problemática envolve diretamente conteúdos interdisciplinares das áreas de biologia e química (disciplinas do ensino médio da educação básica), tais como meio ambiente, poluição e degradação ambiental, resíduos sólidos urbanos, doenças causadas pelo acúmulo de lixo, desenvolvimento sustentável, fauna, flora, equilíbrio ecológico, coleta seletiva, reciclagem, entre outros.…”

“…Já em uma aula de química orgânica no ensino médio, o docente poderia, por exemplo, explorar conceitos sobre os polímeros constituintes das amostras plásticas (ou poliméricas) do resíduo sólido urbano, tempo de degradação no meio ambiente, restos de substâncias químicas presentes nas embalagens, adsorção de contaminantes, morte de animais que vivem em rios e igarapés devido à presença do plástico. Pesquisas recentes vêm alertando que animais podem morrer por sufocamento com objetos plásticos, ou podem ainda ingerir acidentalmente esses objetos e morrer por desnutrição ou obstrução do trato gastrointestinal, entre outros problemas relacionados, tal como reportado porSilva et al (2022) eMontagner et al (2021). Tem-se ainda a decomposição desses materiais em micro e nanoplásticos, os quais entram na cadeia e teias ecológicas como um problema ambiental…”