Identidades, doença e organização social: um estudo das "Pessoas Vivendo com HIV e AIDS"

Abstract

Analiso, neste artigo, os processos de formação identitária na sua relação com as formas de mobilização civil e associação voluntária no contexto da epidemia. Esses processos têm sido operados por meio de fatores como gênero, identidade sexual e doença. Priorizo a dimensão das identidades relacionadas à saúde e doença (identidades clínicas), o que envolve, por um lado, processos culturais e dinâmicas sociais mais gerais de estigmatização e de violência simbólica; por outro lado, a manutenção de estruturas de saúde e, ainda mais, respostas e demandas criadas socialmente. Meu principal problema analítico era saber como a epidemia da AIDS envolvia ou se configurava por meio de modelos particulares de identidade. Assim, a pesquisa abordou a emergência, a manutenção e o antagonismo entre diferentes processos e modelos de formação identitária, particularmente sobre os modos em que as identidades são socialmente circuladas, dispostas ou operadas.<br>I discuss some processes of identity formation in relation to local forms of civil mobilization and voluntary association within the context of the AIDS epidemic since the mid-1980s. These processes have been maintained through different factors, such as gender, sexual identity and illness. I focus on a range of identities associated to health and illness (clinical identities). On the one hand, they involve broad cultural processes and social dynamics of stigmatization and symbolic violence. On the other hand, they involve the maintenance of health structures, but also social responses and demands. My major analytical question was how a social process caused by the predicament of the AIDS epidemic has contructed particular models of identity. Therefore this research focuses on the emergence, the maintenance and the conflicting relations between different processes and models of identity formation, particularly on the ways in which identities are socially circulated and performed

Será que esse remédio vai valer a pena mesmo? Estudo antropológico sobre a adesão às terapias antirretrovirais entre grupos de mútua ajuda de pessoas vivendo com HIV/aids

“…The solitary condition and inactivity of many of the people living with HIV/ AIDS is the result of the enduring portrayal which links AIDS to death and also the stigma that falls upon infected people. From the beginning of the epidemic, a mass of depictions about the disease have been socially and culturally established, and, coercively, have been imposed on the individuals (Valle, 2002;Seffner, 1995). These depictions " […] have an important role in the process of identity construction, in the formation of groups and in the ways in which health and sickness are being experienced" (Valle, 2002, p. 197).…”

“…Furthermore, within the predicaments of the personifications regarding AIDS, that of the AIDS patient (which emerged towards the end of the 1980s) still persists and is constituted by a stigmatized personification, in the words of Goffman (1988). The plight of being characterized as marked for death, however, is confined only to a known carrier of the disorder (Valle, 2002). The recurring fear of people living with AIDS is the moment of revelation of being HIV positive and the resulting retreat of others in a society known to be discriminatory, as showed by statements of participants of both groups.…”

“…Deconstructing the negative metaphors that exist regarding AIDS is encouraged by the more veteran and active participants. Together with the facilitators, they promote the affirmation of "clinical identities" (Valle, 2002) that are more positive than the terms AIDS patient, HIV positive or person living -as apposed to dying -with HIV/AIDS.…”

Fatores de proteção relacionados à promoção de resiliência em pessoas que vivem com HIV/AIDS

“…Muitos desses avanços na legislação são resultados de uma ação forte de organizações não-governamentais (ONGs) que, desde o início da epidemia, se mantêm ativas, no intuito de proteger a saúde e a cidadania dos portadores do HIV/AIDS. A partir da década de 1990, as diversas ONGs que surgiram voltadas a essa área trouxeram ações e um discurso de solidariedade, com crítica ao sentimento de pena e ao preconceito e estigmatização 60 .…”

Trajetórias de mulheres HIV+ no movimento político de HIV/Aids no estado do Paraná

“…17 Apesquisa de Valle (2002) no Grupo pela Vidda/R] (valorização, integração e dignidade do doente de Aids), mostra como há tensões que pemleiam as relações nesta instituição, dentre elas, está a do "status sorológico", no qual as pessoas HIV+ consideram-se emocionalmente mais envolvidas com a causa do que as HIV-, com maior legitimidade defendida para as primeiras.…”