IntroduçãoAs principais funções desempenhadas pelos partidos políticos nos governos democráticos são mobilizar e integrar eleitores, estruturar a competição política na arena eleitoral, além, é claro, da atividade governativa. A política partidária se constitui em pedra angular para a formação e a atuação dos governos democráticos. Uma das facetas desse fenômeno político é a vasta produção acadêmica que analisa a relação entre partidos e eleitores. Nos anos mais recentes, grande parte desses estudos tem se dedicado a investigar o arrefecimento dos vínculos entre eleitores e partidos, seus desdobramentos e impactos sobre os regimes democráticos. Os efeitos desse afastamento entre partidos e eleitores têm apresentado várias facetas como o desalinhamento partidário, o partidarismo negativo e um antipartidarismo mais extremo.O antipartidarismo é um fenômeno multifacetado, que pode decorrer da crença do eleitor de que a sua maneira de pensar não é representada por nenhum partido existente, de uma indiferença ou ainda do desencanto deste em relação à política e, em consequência, uma rejeição generalizada e radical aos partidos enquanto organização política. Ainda com a preocupação de compreender posicionamentos de rejeição aos partidos, estudos têm destacado uma rejeição específica a determinados partidos políticos, designado por alguns autores como identidade partidária negativa. Neste artigo, pretendemos analisar essa última dimensão, vinculada ao tema em tela, no que diz respeito ao Partido dos Trabalhadores (PT).Muitas análises já foram feitas sobre o PT e o petismo em suas diversas dimensões, inclusive sobre o fato de ele ser a legenda que, tradicionalmente, apresenta os maiores percentuais de preferência partidária. Propomos um caminho inverso:investigar o antipetismo, compreendido como a rejeição a esse partido de forma específica. Várias questões ainda estão sendo investigadas e analisadas a respeito desse fenômeno que emerge no contexto brasileiro atual, por exemplo, a consideração de que a legenda esteve à frente do governo federal no período compreendido entre 2003 e 2016, até o afastamento da presidente Dilma Rousseff por meio do impeachment em 31