Ideação suicida em mulheres e violência por parceiro íntimo

Abstract

Objetivo: investigar a associação entre ideação suicida e violência por parceiro íntimo em mulheres. Método: estudo analítico e transversal, desenvolvido em Unidades Básicas de Saúde do Piauí-Brasil, com 369 mulheres adultas e com histórico de relacionamento. Os dados foram coletados de agosto de 2015 a março de 2016, por meio do Revised Conflict Tactics Scales e Self-Reporting Questionnaire, e analisados no software Statistical Package for the Social Science, versão 20.0. Resultados: verificou-se que 65,3% das mulheres sofreram violência por parceiro íntimo, 61,0% foi vítima de violência psicológica, 32,2% física, 18,7% moral e 17,1% sexual. Identificou-se associação entre ideação suicida e violência por parceiro íntimo (p=0,000), violência psicológica (p=0,001) e moral (p=0,000). Ser vítima de violência por parceiro íntimo aumenta 4,35 vezes as chances de as mulheres pensarem em cometer atos contra a própria vida. Conclusão: a ideação suicida está associada a violência por parceiro íntimo, violência psicológica e moral.

A National Study on Psychological Violence in Brazil: Differences by Sex and Skin Color

“…White men were the ones who experienced the lowest prevalence of violence, while black/brown/yellow/indigenous women were the ones who suffered the most psychological violence in the last year, underscoring the intensity of the violence that affects women, especially black/brown/yellow/indigenous women. Studies conducted with samples of primary healthcare users in the northeastern region of the country also estimated a high prevalence of psychological violence in women, with percentages ranging from 38% (Siqueira et al, 2019) to 61% (Silva Júnior et al, 2021); however, it is important to note that both studies were conducted with smaller samples and from a Brazilian region with worse socioeconomic indicators (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2020).…”

“…Studies conducted with samples of primary healthcare users in the northeastern region of the country also estimated a high prevalence of psychological violence in women, with percentages ranging from 38% (Siqueira et al, 2019) to 61% (Silva Júnior et al, 2021); however, it is important to note that both studies were conducted with smaller samples and from a Brazilian region with worse socioeconomic indicators (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2020).…”

Violência contra as mulheres: o quê elas dizem

“…Associa-se à violência psicológica e moral, por sua característica complexa e silenciosa, a ideação suicida, visto que há articulação de suas trajetórias não apenas ao relacionamento abusivo, mas, também, à precarização de suas condições de vida e saúde, o que leva a pensar que a melhor solução seja a autodestruição (DA SILVA JÚNIOR et al, 2021). Dada a sensação de impotência diante desse tipo de violência, a mulher assume atitudes como isolamento social e perda de identidade, além de todos os problemas de saúde já citados Siqueira e Rocha (2019).…”

“…naturalizada nos relacionamentos afetivos (FRANCO, MAGALHÃES, FERES-CRANEIRO, 2018), pode representar o início do ciclo de violência descrito pela psicóloga Leone Walker em 1979. Estudos de Siqueira e Rocha (2019) eDa Silva Júnior et al (2021) corroboram essa pesquisa ao destacarem a violência psicológica como complexa, silenciosa, expressada por meio de insultos ou constrangimentos, fazendo a mulher se sentir mal a respeito de si mesma, além de depreciações, ridicularizações ou humilhações diante de outras pessoas. Dentre os outros tipos de violência, possui a maior repercussão na autoestima e em outras esferas psíquicas da vítima, levando-a a acreditar que o seu sofrimento não é importante e que ela não é merecedora de respeito, com isso, a sua coragem ou percepção da necessidade de compartilhar e se defender das vivências sofridas é significativamente comprometida.Associadas às formas de violência, ressaltam-se nas falas das participantes, vivências que remetem às fases do ciclo da violência: "A gente até começa achar que tem culpa, apesar de não dar motivo...eu não consigo entender porque eu penso que o mais interessante que meu marido batia em mim me esganava, ele sabia o que fazia, pensava em me matar, mas na hora ele falava que me amava."…”