Hospitalizações de crianças por condições evitáveis no Estado do Paraná: causas e tendência

Abstract

Objective: To analyze the trends of hospitalizations for ambulatory care-sensitive conditions, according to the main causes among children under five years old. Method: Ecological time-series study carried out with data from the Hospital Information System of the State of Parana. The analysis was based on hospitalization rates and polynomial regression models according to age and cause. Results: The most frequent causes were pneumonia, gastroenteritis, asthma, kidney and urinary tract infection and nutritional disorders. Hospitalizations for pneumonia, asthma and nutritional deficiencies decreased among children under five and hospitalizations rates for gastroenteritis remained stable. There was an increase in hospitalization rates for kidney and urinary tract infection in all ages. Conclusion: Hospitalization for care-sensitive conditions among children under five years presented an increasing trend only for children under one year old. Hospitalizations for pneumonia, gastroenteritis, asthma and nutritional deficiencies showed a decreasing trend. ResumoObjetivo: Analisar a tendência das hospitalizações por condições sensíveis à atenção primária, segundo principais causas em menores de cinco anos. Métodos: Estudo de séries temporais do tipo ecológico realizado com dados do Sistema de Informação Hospitalar do Estado do Paraná. A análise ocorreu a partir das taxas de hospitalização e de modelos de regressão polinomial segundo idade e causa. Resultados: As causas mais frequentes foram pneumonias, gastrenterites, asma, infeção no rim e trato urinário e deficiências nutricionais. As hospitalizações por pneumonia, asma e deficiências nutricionais em menores de cinco anos reduziram e por gastroenterites mantiveram-se estáveis. Houve aumento nas taxas de hospitalização por infecção no rim e trato urinário em todas as idades. Conclusão: A tendência de hospitalização por condições sensíveis em menores de cinco anos foi crescente apenas para as crianças menores de um ano. As hospitalizações por pneumonias, gastroenterites, asma e deficiências nutricionais apresentaram tendência decrescente.

Prevalência de crianças menores de cinco anos com pneumonia em um hospital de Recife-PE

“…Em uma pesquisa realizada por Silva et al (2017), a asma ocupa a segunda posição das principais causas de hospitalizações entre crianças de menores de dois anos de idade. De acordo com o estudo realizado a partir de todas as hospitalizações de menores de cinco anos residentes no Estado do Paraná entre 2000 a 2015, a asma está entre as cinco principais causas de hospitalizações (PREZOTTO et al,2017).…”

Morbidade hospitalar de crianças menores de cinco anos em um município brasileiro de fronteira

“…A ocorrência de ICSAP demonstrou-se elevada, especialmente quando comparada à de outras investigações na região Sul do país, que encontraram proporção de ICSAP de até 23,3% entre as crianças da mesma faixa etária. 4 Prevalências igualmente elevadas foram citadas nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil. 15,16 Elevadas taxas de ICSAP podem refletir a efetividade da APS, uma vez que esta dispõe de diversos programas e ações de baixa densidade tecnológica, em especial a vigilância à saúde da criança, por apresentar prioridade devido à sua vulnerabilidade biológica e suscetibilidade ao adoecimento, tornando-se injustificáveis as altas taxas de hospitalização, considerando que a APS tem a capacidade de evitar esse desfecho.…”

“…15,16 Elevadas taxas de ICSAP podem refletir a efetividade da APS, uma vez que esta dispõe de diversos programas e ações de baixa densidade tecnológica, em especial a vigilância à saúde da criança, por apresentar prioridade devido à sua vulnerabilidade biológica e suscetibilidade ao adoecimento, tornando-se injustificáveis as altas taxas de hospitalização, considerando que a APS tem a capacidade de evitar esse desfecho. 3,4 Entretanto, há que se considerar os desafios enfrentados pela APS, que perpassam desde a melhoria na estrutura física nas unidades básicas de saúde (UBS), aumento do financiamento das ações de saúde, mais integração com outros níveis assistenciais e formação de profissionais para atuar no SUS. Desse modo, torna-se evidente a necessidade de fortalecimento da APS no Brasil, mediante investimento de recursos, pois historicamente recebe menos aporte financeiro do que os níveis secundários e terciários.…”

“…2 Ainda se evidenciam altas taxas de hospitalização infantil, sendo que as principais causas de adoecimento e de internamento em crianças menores de cinco anos de idade são as doenças respiratórias, como pneumonia e asma, doenças infecciosas e parasitárias, com destaque para as gastroenterites e infecções do trato urinário (ITU) e doenças do período neonatal. 3,4 Nota-se que grande parte dessas hospitalizações é evitável, sendo denominada de internações por condições sensíveis à atenção primária (ICSAP), uma vez que o atendimento ambulatorial, oportuno e de qualidade poderia resolver a maioria dos problemas de saúde da criança, evitando esse desfecho. 5 Estudos brasileiros acusaram diferentes prevalências de ICSAP em menores de cinco anos, variando de 20% na região Sul até 60% na região Nordeste.…”

“…5 Estudos brasileiros acusaram diferentes prevalências de ICSAP em menores de cinco anos, variando de 20% na região Sul até 60% na região Nordeste. 3,4,6 Embora as taxas elevadas de ICSAP possam indicar falhas no acesso, na resolutividade e no desempenho da atenção primária à saúde (APS), é necessário analisar, com cautela, esse indicador, uma vez que outros fatores podem contribuir para a ocorrência dessas internações, tais como: os determinantes sociodemográficos; a forma de organização dos serviços; o financiamento do sistema de saúde; e a falta de recursos humanos qualificados na APS. 7 Estudo de microssimulação prospectiva que analisou o impacto de medidas de austeridade fiscais, estabelecendo limite de despesas com saúde e, consequentemente, maior subfinanciamento das ações da APS, verificou aumento da mortalidade infantil em até 8,6%, além do incremento de 124 mil hospitalizações evitáveis até 2030.…”