Homicídios de mulheres e meninas no estado do Paraná: uma análise territorial retrospectiva de 2014 a 2018

Abstract

O Brasil é o país com maior número absoluto de homicídios no mundo. Objetivamos realizar uma análise temporal e territorial dos homicídios contra mulheres e meninas no estado do Paraná entre 2014 e 2018. A metodologia utilizada foi um estudo ecológico retrospectivo de tendência temporal dos homicídios no período. Os dados oficiais de homicídios foram obtidos no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, enquanto dados da população feminina foram obtidos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados foram tabulados e analisados por meio de estatística descritiva, incluindo cálculo de taxas por 100 mil mulheres, características das vítimas, causa do homicídio e distribuição geográfica, os quais foram plotados em mapas no software QGIS. Os principais achados foram: 1) redução de 27% no número de homicídios contra mulheres e meninas no Paraná entre 2014 e 2018; 2) as principais causas foram por armas de fogo (44%), seguidas de objetos cortantes/perfurantes (32%); 3) o perfil das vítimas era predominantemente de mulheres jovens, de 25 a 34 anos (27%), seguido por 15 a 24 anos (25%); brancas (77%), com 4 a 7 anos de escolaridade (36%) e solteiras (61%); 4) o local mais comum do homicídio foi o domicílio, contabilizando 35% dos casos; 5) geograficamente, a região metropolitana de Curitiba, litoral, região de fronteira com o Paraguai e com o Mato Grosso do Sul, assim como o entorno de cidades como Londrina, Cascavel, Maringá e Paranavaí foram alguns clusters que apresentaram taxas de homicídio acima da média do estado.

Análise dos feminicídios no estado de Pernambuco: violência de gênero e invisibilidade

“…O modelo ecológico feminista (Figura 1), publicado no Protocolo Latino-Americano de Investigação das Mortes Violentas de Mulheres Por Razões de Gênero (femicídio/feminicídio), adota uma lógica concêntrica de ordenamento dos fatores que convergem para o risco de violência (NAÇÕES UNIDAS, Assim, para analisar como essas violações são reproduzidas no contexto territorial, a discussão deve ser orientada pelos pilares da determinação social e especificidades do processo de urbanização. Trata-se de conceitos fundamentais para revelar como as diferenças regionais, de renda, gênero e raça se articulam, além de implicar o discurso para maior responsabilização do Estado (BORGHI; OLIVEIRA; SEVALHO, 2018;MALTA et al, 2021;WANZINACK;MÉLO, 2021). Os espaços desiguais, segregados e excludentes são resultantes da organização social e refletem os níveis de desenvolvimento e de saúde local ZECHIN;HOLANDA, 2019).…”

“…Cabe destacar que neste período, em virtude do surgimento do novo coronavírus (SARS-CoV-2), foi declarada Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional e a acentuação dos cenários de vulnerabilidade foi prevista pela comunidade científica(MALTA et al, 2021;MEINHART et al, 2021; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2020). MENEGHEL et al, 2022;WANZINACK et al, 2020). Em comparação com o ano anterior, os estados que apresentaram maior variação nas taxas de feminicídio concentraram-se, predominantemente, nas regiões do Norte e Nordeste.…”

Perfil dos casos de violência interpessoal e/ou autoprovocada no Paraná entre 2015 e 2018

“…As questões relativas a gênero, juntamente a questões de desigualdades sociais, são centrais na reprodução de violência. Deve-se evitar associações entre pobreza e violência ou mulheres e vitimização, mas chamar a atenção aos fatores de desigualdade (social e de gênero) que permeiam a problemática e se manifestam no seio da assimetria do poder, sem distinção entre homens e mulheres, ricos ou pobres, heterossexuais e não heterossexuais, fazendo as mais variadas formas de violência se perpetuarem na sociedade 4 .…”

"These Questions Have Everything That Happens to me": Analysis of a Femicide Risk Assessment Tool for Abused Women in Brazil

“…Despite the promise of these structures, impunity for perpetrators of violence (Evans et al, 2018), lack of trust in the health and legal sectors (Evans et al, 2020a(Evans et al, , 2020b, barriers to addressing IPV among health providers (Evans et al, 2019), and other factors impede the prevention of IPV and femicide. A recent study revealed that the Curitiba's Metropolitan area faces higher rates of femicide compared to the state average and the most common location of these crimes was in the home (35%) using firearms (44%) (Wanzinack et al, 2020).…”