A pitiose é uma afecção granulomatosa crônica que acomete os equinos e outras espécies como cães, bovinos, caprinos, felinos, animais silvestres e seres humanos. Ocorre em regiões de climas tropicais, subtropicais ou temperados e em áreas com acúmulo de água, banhados e lagoas. O Brasil está entre os países tropicais como local endêmico de pitiose equina. O agente etiológico em mamíferos é um oomiceto do Reino Stramenopila, Filo Oomycota, Classe Oomycetes, Ordem Pythiales, Família Pyhtiaceae, Gênero Pythium, Espécie Pythium insidiosum. É um parasita de plantas aquáticas, que através de reprodução assexuada produz zoósporos que podem infectar os animais. Causa grandes prejuízos na equinocultura e o prognóstico da doença depende da extensão das lesões e comprometimento de estruturas como tendões, articulações e tecidos ósseos. É uma doença que provoca um quadro infeccioso na pele e região subcutânea, pode apresentar quadros sistêmicos, pulmonares, gastrointestinais, oculares, entre outros. A enfermidade em equinos caracteriza-se pela formação de granulomas eosinofílicos, com a presença de massas necróticas denominadas de "kunkers". Os "kunkers" histologicamente apresentam-se como concreções eosinofílicas de tamanho variado, forma circular, contornos irregulares, compostas de hifas, colágeno, arteríolas e células inflamatórias. Muitos protocolos para tratamento têm sido utilizados: químicos (antifúngicos), cirúrgicos e de imunoterapia. O tratamento mais indicado para a cura da pitiose em equinos é a remoção cirúrgica do granuloma combinada com a imunoterapia. Porém, o tratamento é complicado devido a características singulares do agente que difere dos fungos verdadeiros na produção de zoósporos móveis e na composição de sua parede celular. Fungos verdadeiros possuem quitina em sua parede, enquanto o Pythium contém celulose e β-glucanas, o que dificulta a penetração dos fármacos. Neste trabalho, propõe-se relatar um caso de pitiose diagnosticado em um equino atendido no Hospital de Clínicas Veterinárias (HCV) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Observou-se um tratamento longo, dispendioso, com complicações e reações adversas no local de aplicação do imunoterápico. Contudo, a terapia foi eficiente na diminuição da lesão, melhora do quadro infeccioso da pele e região subcutânea.