O texto traça um panorama sobre a mineração no Quadrilátero Ferrífero com recorte específico em alguns municípios localizados no vetor sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a fim de compreender as coalizões de poder constituídas em torno do que aqui denominamos Grande Projeto Urbano (GPU) da mineração. Essa atividade, que historicamente caracteriza a região como grande pólo extrativo, experimenta um novo ciclo no Brasil e na América Latina desde a primeira década do século XXI, a partir de grande demanda internacional por commodities. Além disso, a mineração tem sido justificada na região ancorada num forte ideário de desenvolvimento econômico associado à prática. Entretanto, com base nos dados relativos à arrecadação desses municípios sobre as atividades minerárias (CFEM), bem como de informações da RAIS sobre emprego e renda por município, é possível inferir que pouco valor tem sido agregado à economia local, contrariando esse ideário. Em relação às articulações entre Estado, Sociedade Civil e Mercado, no sentido da permanência ou não das atividades minerárias na região, foram analisadas as atas e pareceres das reuniões para aprovação dos licenciamentos na Câmara de Atividades Minerárias (CMI). As análises apontam para decisões que, prioritariamente, têm favorecido as mineradoras, caracterizando uma forte coalizão do Conselho Gestor no sentido de garantir uma agenda pró-crescimento ou pró-mercado, ou seja, de fortalecimento dos interesses das mineradoras com apoio do Estado.