Esta pesquisa tem como objetivo analisar, por meio das interações discursivas em uma sala de aula de ciências do quinto ano do ensino fundamental, o processo de construção conjunta de conhecimentos relativos à interação entre a radiação ultravioleta-corpo humano e os diferentes produtos de proteção. Além disso, busca refletir sobre elementos da prática científica, especificamente atitudes e procedimentos, que podem ser potencializadas em aulas fundamentadas no ensino por investigação. O tema interação radiação-corpo humano possui caráter transversal e sociocientífico, estando em concordância com os pressupostos da abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade. A pesquisa de cunho qualitativo se desenvolveu a partir de uma intervenção realizada em uma escola da rede municipal de Vitória no Espírito Santo. Para a produção de dados, foi utilizado a videogravação de uma aula intitulada “A Luz Negra” que tinha como atividade central uma demonstração investigativa. A análise das interações discursivas nessa aula foi estabelecida por meio da interlocução com autores do campo da educação em ciências ancorados na matriz sociocultural. Os resultados sugerem que a mediação estabelecida na aula “A Luz Negra” promoveu um ambiente propício para trocas verbais que potencializaram atitudes dos estudantes em relação às ciências, como postura crítica e investigativa perante às questões discutidas, além do respeito às diferentes ideias e pensamentos. Do ponto de vista procedimental, evidenciamos que, na sala de aula, os alunos participaram de processos de elaboração e teste de hipóteses, de construção de modelos explicativos e da sua comunicação, bem como estabelecerem generalizações para outros contextos. Em relação ao domínio conceitual, notou-se uma hibridização entre discursos cotidiano e científico articulados aos procedimentos e atitudes potencializados na aula. Consideramos que esses elementos constituem um passo importante envolvendo a progressiva integração dos estudantes no processo de significação e de inserção em práticas típicas da comunidade científica.