Para psicologia hist orico-cultural, o desenvolvimento psíquico do homem se forma a partir da construc ßão de um mundo de significados compartilhados nas relac ßões sociais que se engendram nas comunidades. Assim, e por interm edio da linguagem e dos signos que os conceitos são formados. A concepc ßão de deficiência transitou por diversos períodos e foi atribuída a distintas causas, ainda hoje, observa-se o conceito como desvio. O estigma produzido nas redes de significados atua como controle social, pois a partir dessa marca se valoriza positivamente o normal, em detrimento do anormal. Tais considerac ßões implicam no entendimento de que a deficiência extrapola as condic ßões orgânicas, pois o prejuízo individual est a fortemente atrelado a relac ßão e aos preconceitos que a sociedade mant em com este indivíduo, interferindo diretamente no seu desenvolvimento. Dessa forma, cabe a sociedade, em particular, as instituic ßões de ensino legitimar os preceitos contidos nas ac ßões afirmativas com vistas a participac ßão efetiva das pessoas com deficiência. Nessa perspectiva, objetivou-se identificar e analisar as concepc ßões de deficiência apresentadas por funcion arios e alunos de uma universidade p ublica do Brasil, por meio da aplicac ßão de um instrumento de pesquisa (Escala Concepc ßões de Deficiência -ECD).Introduc ßão A psicologia hist orico-cultural entende que o homem, enquanto ser biol ogico se desenvolve e adquire as características tipicamente humanas no processo social por meio das relac ßões interpessoais. Para essa abordagem, ao nascer, o homem apresenta func ßões psicol ogicas inferiores, que são imediatas e biol ogicas, e, no decorrer do seu desenvolvimento, por meio de relac ßões mediadas, desenvolvem as func ßões psicol ogicas superiores, tais como: atenc ßão, mem oria, linguagem, pensamento, entre outras, que irão lhe conferir possibilidades mais avanc ßadas de desenvolvimento.Nesta perspectiva, o car ater social do psiquismo humano se forma a partir da apropriac ßão dos processos interacionais que se engendram em comunidades culturais, que são espac ßos de produc ßão de significados e sentidos que medeiam o modo de pensar, sentir e agir do homem (XIMENES E BARROS, 2009; GESSER et al, 2013).Nessa direc ßão, o modo como a sociedade ao longo da hist oria se organiza exemplifica quais ac ßões foram destinadas as pessoas com deficiência nos diferentes períodos sociais, bem como quais eram as crenc ßas e atitudes que perpassavam as relac ßões estabelecidas com esses sujeitos. Silva (1987) pontua que no período cl assico as explicac ßões relacionadas a deficiência eram fortemente centradas na visão metafísica do fenômeno, sendo o defeito visto como influência de espíritos malignos. Assim, eram conferidas, predominantemente, atitudes marginalizantes as pessoas com deficiência, devendo essa populac ßão ser excluída da sociedade.Segundo Bonfim (2009), durante a Idade M edia, tamb em, foram atribuídas explicac ßões metafísicas como causa da deficiência, entretanto, com o advento do Cristianismo e de seus ...