O objetivo desse estudo foi analisar como os cursos de licenciatura em Ciências Naturais existentes no Brasil vêm concebendo a modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) no contexto dos seus Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs). Foi realizada uma pesquisa do tipo documental, proveniente dos PPPs referentes a 72 cursos alcançados, e a análise dos dados ocorreu pela abordagem qualitativa, por meio da técnica de análise de conteúdo. O estudo orientou-se pelos pressupostos da interdisciplinaridade, fundamentada no materialismo histórico dialético, por entendermos que os licenciandos necessitam de uma formação humana e emancipatória para atuar com os estudantes jovens e adultos, e serem capazes de promover uma educação transformadora das realidades sociais vivenciadas pelos sujeitos trabalhadores. Diante da leitura de cada documento, emergiram três categorias de análise: (1) Interdisciplinaridade como princípios de formação e organização curricular; (2) A EJA como campo de atuação profissional do egresso; (3) Conteúdo das disciplinas que tratam da EJA. Os resultados demonstram que somente 26 cursos (36%) contemplam a EJA em seus currículos e, destes, apenas nove (12,5% do total) propõem, nas ementas, ações interdisciplinares para o ensino de Ciências comprometidas com as necessidades sociais da população, proporcionadoras de transformação da realidade. Conclui-se que a maioria das licenciaturas em Ciências não se importam em contemplar a EJA como importante campo de atuação dos egressos, necessitando reorganizar seus currículos afim de reconhecê-la como modalidade de ensino, bem como oferecerem uma formação voltada para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária à classe trabalhadora.