Formação continuada e autopercepção de competência: um estudo com treinadores de tênis

Abstract

Este estudo teve como objetivo associar a formação continuada dos treinadores com a autopercepção e a importância atribuída ao constructo - competência profissional. A amostra foi composta por 69 treinadores de tênis, participantes de ações de capacitação promovidas pela Federação Paranaense de Tênis constituída, majoritariamente, por profissionais: com mais de oito anos de experiência profissional; com experiência como praticante; e graduados em Educação Física. Para recolha de dados utilizou-se uma ficha contendo as variáveis sociodemográficas e a Escala de Autopercepção de Competência. Os resultados indicaram que a participação em atividades/cursos não demonstrou associação significativa com a autopercepção de competência dos treinadores para os Conhecimentos Profissionais. Para a dimensão Habilidades Profissionais, o envolvimento nessas ações relacionou-se significativamente com a autopercepção de domínio, com destaque para as habilidades relacionadas ao Planejamento e Gestão Esportiva, e Avaliação Esportiva, habilidades consideradas centrais no exercício profissional do treinador. A importância atribuída aos Conhecimentos e Habilidades Profissionais foi elevada, sendo sempre superior à autopercepção de domínio.

Aprendizagem profissional de treinadores de tênis: um ensaio para primeiras aproximações com o contexto nacional de formação

“…De modo geral, os profissionais graduados relataram maior percepção de domínio dos conhecimentos relativos a biodinâmica e a teoria e metodologia do treinamento esportivo. Nessa mesma direção, verificou-se níveis mais elevados de autopercepção de domínio das competências de planejamento e comunicação, consideradas basilares para o exercício profissional dos treinadores, independentemente do contexto no qual atuam (CORTELA et al, 2017).…”

Desenvolvimento profissional de treinadores de tênis: situações e contextos de aprendizagem (Tennis coaches’ professional development: situations and contexts of learning) (Desarrollo profesional de entrenadores de tenis: situaciones y contextos de apre

“…Para os treinadores tênis as oportunidades de aprendizagem não formais encontram-se fortemente associadas às formações desenvolvidas pela via federativa (Fuentes & Villar, 2004). No Brasil, essas oportunidades têm sido ofertadas majoritariamente pelo Departamento de Capacitação de treinadores da Confederação Brasileira de Tênis (CBT), com os Workshops Internacionais CBT/ITF e os Módulos A, B e C do programa nacional sendo as atividades mais frequentadas (Cortela et al, 2013a;Cortela, Milistetd, Both, Galatti, Crespo & Balbinotti, 2019b;Lima et al, 2014), fato também observado para os treinadores da amostra.…”

Perfil e desenvolvimento profissional de treinadores de tênis

“…Dos 60 treinadores, 13 indicaram possuir outro tipo de experiência com a modalidade, sendo: (5) não foram federados ou não participaram oficialmente de torneios; (2) experiência apenas como treinador; (2) jogaram poucos torneios; (1) como 4ª classe na federação local; (1) como 5ª classe na federação local; (1) experiência em circuito estadual; (1) não relatou. Ressalta-se que resultados semelhantes foram descritos em investigações com treinadores brasileiros dos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina (CORTELA et al, 2013(CORTELA et al, , 2017LEITE et al, 2016;LIMA et al, 2014). Com relação à socialização pré-profissional, entendida aqui como aquela que decorrente dos primeiros contatos com a modalidade e que precederam a entrada na faculdade ou o início propriamente dito da carreira como treinador, foi possível identificar diferenças substanciais quanto aos caminhos percorridos pelos treinadores de tênis, quando comparados a profissionais de outras modalidades esportivas.…”

“…Em relação ao sexo dos treinadores, observou-se que a cada 10 profissionais, apenas um era do sexo feminino. Tal resultado está em consonância com investigações que analisaram a realidade do esporte em geral (ACOSTA; CARPENTER, 2014;FERREIRA et al, 2013;FERREIRA et al, 2015;GOMES et al, 2011) e do caso específico da modalidade tênis (CORTELA et al, 2013(CORTELA et al, , 2017VILLAR, 2004;LEITE et al, 2016;LIMA et al, 2014). O estudo realizado por Ferreira et al (2013), envolvendo 259 federações esportivas brasileiras de 22 modalidades, relatou que apenas sete por cento dos treinadores cadastrados eram do sexo feminino.…”

“…Os resultados descritos na Figura 4 apontam para uma tendência de aumento no número de profissionais com formação em nível superior na área, comportamento também observado em outros estudos que investigaram a formação do profissional do treinador de tênis (CORTELA et al, 2013(CORTELA et al, , 2017LEITE et al, 2016;LIMA et al, 2014). Se, por um lado, a exigência de formação em nível superior no bacharelado em Educação Física, com mínimo 3.200 horas de formação, com a necessidade de uma licença anual expedida pelo Conselho Regional de Educação Física (CREF) para o exercício profissional e reconhecimento legal da profissão de treinador no Brasil, podem ser fatores considerados como uma conquista histórica para área (MILISTETD et al, 2015), por outro, questiona-se até que ponto essa formação inicial tem efetivamente contribuído na melhoria da formação dos treinadores de tênis no país (CORTELA et al, 2017). Esse questionamento se assenta na premissa de que esses cursos se encontram organizados com um caráter generalista, visando formar profissionais versáteis, capazes de atender às distintas demandas do mercado -gestão, lazer, saúde, rendimento, entre outros (MILISTETD et al, 2014), não atendendo as especificidades do esporte.…”