Este artigo propõe uma discussão na intersecção das áreas da Antropologia da Religião e do Secularismo, elegendo como objeto o ciclo de produções relacionadas ao Antigo Testamento iniciado em 2010 e veiculadas pela Rede Record de Televisão, propriedade da Igreja Universal do Reino de Deus. Tratam-se de produtos da indústria cultural imbricados, desde o seu começo, em tensões e discussões a respeito das lógicas que fundamentam a demarcação de fronteiras entre o domínio do religioso e do entretenimento (Meyer; Moors, 2006). Nesta convergência identificada entre as narrativas bíblicas e seu consumo hodierno e mediado pela produção da indústria cultural, são destacados os âmbitos da circulação e da produção destas mensagens. Destaco, ainda, a especificidade desta produção de temas do Antigo Testamento em comparação com as veiculações anteriores do que identifico como o ‘‘primeiro ciclo de teledramaturgia religiosa’’, veiculada no final dos anos 1990. A investigação salienta o movimento que alguns agentes identificam como uma ‘‘virada judaicizante’’ pela Igreja Universal em convergência com a produção de minisséries e novelas ancoradas no texto do Antigo Testamento.