Floresta Fóssil Do Rio Poti Em Teresina, Piauí: Porque Não Preservar?

Abstract

O Parque Ambiental Floresta Fóssil do Rio Poti se constitui uma área de grande valor científico e potencial turístico e educativo, por ser uma das raras florestas fósseis do mundo com troncos vegetais fossilizados em posição de vida, datados de cerca de 200 milhões de anos. Esta condição lhe confere grande importância, tanto em relação aos estudos da evolução geológica, do clima e da flora, quanto no sentido da preservação de sua existência como um patrimônio ambiental, motivo pelo qual foi criado um Parque Municipal nessa área, na década de 1990. Nesse sentido, o objeto de estudo da presente pesquisa corresponde à área onde ocorre o afloramento dessa Floresta Fóssil, incluindo o leito e as margens deste rio Poti, nos bairros Ilhotas e Noivos da cidade de Teresina. Tem como objetivo central analisar as condições naturais dessa Unidade de Conservação (UC), identificar os impactos ambientais negativos que o atingem atualmente, e questionar o abandono ao qual se encontra submetido este Parque pelo Poder Público. A metodologia consistiu de análise bibliográfica, entrevista com os responsáveis pela implementação de ações dos planos de manejo e de fiscalização do Parque. O trabalho de campo possibilitou identificar os principais impactos ambientais, e seu respectivo registro fotográfico. Com base nas informações obtidas foi possível constatar que o Parque, mesmo localizado ao lado de uma avenida, próximo a áreas de lazer e comércio da cidade, encontra-se em situação de abandono pelas autoridades locais. A indiferença por parte da população em relação a este patrimônio, se evidencia pela baixa frequência de usuários, vestígios de fogueiras, vegetação nativa degradada, esgotos não tratados e lixo por toda a área. A constatação desses aspectos levou ao seguinte questionamento: até quando Teresina vai adotar esse comportamento em relação a esse raro patrimônio natural que se encontra em sua área urbana?

Ensino da cidade de Teresina: meio ambiente e paisagens

“…A cidade de Teresina, como muitas outras cidades do mundo, foi construída às margens de grandes rios, a partir do século XIX. Esses locais, historicamente, têm sido escolhidos para a fixação de grupos humanos no espaço, pela proximidade e disponibilidade da água doce, pois, além de ser recurso natural fonte de sobrevivência e de produção, pode se tornar um meio de circulação de pessoas e de produtos (LIMA, 2016).…”

“…Entretanto, com a intensificação do processo de urbanização de Teresina a partir das décadas de 1970/1980, as lagoas começaram a ser aterradas e os vales dos riachos locais, impermeabilizados para montante (em direção às nascentes), passando a reduzir o tempo de as águas desses afluentes chegarem aos rios Parnaíba e Poti. Também passaram a ocorrer inundações nos seus próprios vales, atingindo um maior número de bairros da cidade, desalojando a população e trazendo prejuízos às habitações e a outras edificações desses locais (LIMA, 2016). Tendo em vista as constantes inundações do rio Poti em Teresina, foram realizadas várias pesquisas com o objetivo de identificar os impactos negativos gerados, dentre elas a de Feitosa (2019).…”

“…Os aspectos hidrográficos da cidade de Teresina se caracterizam pela drenagem de dois rios regionais: o Parnaíba e o Poti (que são considerados rios federais, porque banham mais de um estado brasileiro), conforme Oliveira e Silva (2014). A cidade apresenta também uma rica rede de riachos que nascem no próprio município de Teresina e deságuam nesses dois rios regionais, portanto, seus afluentes locais (LIMA, 2016).…”

“…O Monumento Natural Floresta Fóssil corresponde ao afloramento de vários troncos fossilizados no leito e na planície do rio Poti, vestígios de uma floresta que ali existiu há cerca de 200 milhões de anos. Com o objetivo de proteger esse patrimônio ambiental, foi criado o Parque Floresta Fóssil, com uma área de aproximadamente 32,5 hectares, abrangendo as duas margens do rio Poti, sendo a margem direita situada no bairro Noivos, onde se encontra o terraço aluvial do rio, e o lado esquerdo no bairro Ilhotas (VASCONCELOS; LIMA; MORAES, 2016).…”

“…Nesse mesmo raciocínio, não podemos nos esquecer da convivência do teresinense com as altas temperaturas diárias durante os meses de setembro a dezembro (há dias em que a temperatura máxima ultrapassa os 40º C). Tais temperaturas decorrem dos seguintes fatores: localização da cidade em relação ao Equador, pois sua área central se situa na faixa de convergência dos ventos alísios, onde se forma a "zona de calmarias" (Latitude de 5º 05' 12" S); distância do mar (cerca de 380km); e, sobretudo, devido às suas baixas altitudes, que variam de 55 a 170 metros acima do nível do mar (LIMA, 2016).…”