Ferramenta de apoio à decisão sobre o rastreamento do câncer de próstata no Brasil

Abstract

OBJETIVO Apresentar o processo de desenvolvimento e validação de uma ferramenta de apoio à decisão para o rastreamento do câncer de próstata no Brasil. MÉTODOS Estudo com desenho qualitativo-participativo para elaboração de uma ferramenta de apoio à decisão para o rastreamento do câncer de próstata, com a participação de um grupo de homens e médicos inseridos na atenção primária à saúde de 11 estados brasileiros. Realizou-se síntese de evidências, teste de campo e utilização nos cenários clínicos, de modo a adaptar o conteúdo, formato, linguagem e a aplicabilidade às necessidades do público-alvo nos anos de 2018 e 2019. As versões foram avaliadas de forma subsequente pelos participantes, sendo modificada a partir dos dados obtidos. RESULTADOS Foi elaborada uma ferramenta inédita no Brasil, com informações sobre os exames utilizados no rastreamento, comparação dos seus possíveis benefícios e malefícios e um infográfico numérico com as consequências dessa prática. Verificou-se utilidade da ferramenta para auxiliar na comunicação entre o médico e o homem no contexto da atenção primária à saúde, além de identificar a necessidade de maior discussão sobre o compartilhamento das decisões nos cenários clínicos. CONCLUSÃO A ferramenta foi avaliada como de fácil utilização, objetiva e com pouca interferência no tempo de consulta. É um material técnico-científico, produzido por meio de pesquisa, com a participação do seu principal público-alvo e que se encontra disponível gratuitamente para utilização nos cenários clínicos do Brasil.

Ferramentas de apoio na tomada de decisão compartilhada

“…As ferramentas de apoio à decisão são encontradas no Brasil, a partir de estudos que descrevem o seu o processo de desenvolvimento, validação e a aplicabilidade em diferentes ambientes clínicos FERRAZ, 2009;ROCHA et al, 2017;SANTOS et al, 2022;SEPUCHA et al, 2018;STEPHAN et al, 2018). No processo de elaboração, os estudos referem um processo sistemático, participativo e em concordância com diretrizes internacionais, como o International Patient Decision Aid Standards (SEPUCHA et al, 2018), por exemplo, que preconiza a utilização de critérios de qualidade, como a inclusão do público-alvo no processo de construção e adequação desses materiais FERRAZ, 2009;ROCHA et al, 2017;SANTOS et al, 2022).…”

Os labirintos da gestão, práticas, modelos de protocolo e financiamento em saúde

“…Os sistemas de apoio à decisão -SAD, por exemplo, constituem-se num exemplo de como a utilização da tecnologia da informação pode otimizar o processo de diagnóstico e tratamento do usuário. A utilização de SAD's apresenta diversas possibilidades, sendo utilizada, inclusive, para o rastreamento do câncer (HARRY et al, 2022;SANTOS et al, 2022;THOMPSON et al, 2021) e para avaliação do risco de desenvolvimento de lesões neoplásicas (SHIMPI et al, 2022).…”

“…Quanto ao tipo, os estudos incluem ferramentas do tipo software (Rubin et al, 2021;Thompson et al, 2021;McParland;Cooper;Johnston, 2019;Harry et al, 2022;KARAS et al, 2018), questionários avaliativos físicos (Mendonça et al, 2020) ou digitais (Lovgren et al, 2017), algoritmos de machine learning (Shimpi et al, 2019;Shimpi et al, 2022) e textos explicativos (Santos et al, 2022).…”

“…Com relação à aplicação, a maioria das ferramentas está voltada para a utilização do médico clínico geral (Rubin et al, 2021;Harry et al, 2022;McParland, Cooper e Johnston, 2019;Santos et al, 2022;Thompson et al, 2021). Contudo, outros profissionais de saúde (McParland;Cooper;Johnston, 2019;Karas et al, 2018) e o próprio usuário de saúde (Mendonça et al, 2020;Lovgren et al, 2017) também são objeto de estudo, bem como bases de dados em saúde (Shimpi et al, 2019;Shimpi et al, 2022).…”

“…No tocante à finalidade, a utilização de sistemas de apoio à decisão apresenta diversas possibilidades, desde o rastreamento do câncer (Harry et al, 2022;Santos et al, 2022;Thompson et al, 2021), passando avaliação de risco para neoplasia (Shimpi et al, 2022), avaliação de sintomas na atenção primária à saúde (Rubin et al, 2021), diagnóstico diferencial (McParland;Cooper;Johnston, 2019), caracterização da capacidade funcional de idosos (Mendonça et al, 2020), desfecho para desordem temporomandibular (Lovgren et al, 2017), risco para doença periodontal (Shimpi et al, 2019) e rastreio de infecções sexualmente transmissíveis (IST) (Karas et al, 2018).…”