Fatores associados com os distúrbios musculoesqueléticos em pescadoras artesanais/marisqueiras em Saubara, Bahia, Brasil

Abstract

Resumo O presente artigo tem como objetivo identificar os fatores associados com os distúrbios musculoesqueléticos (DME) em pescoço/ombro e membros superiores distais em pescadoras artesanais/marisqueiras em Saubara, Bahia, Brasil. Trata-se de um estudo de corte transversal realizado com 209 pescadoras artesanais/marisqueiras. Foram utilizados para este estudo a versão brasileira do questionário de conteúdo do trabalho e do questionário nórdico e um questionário das demandas físicas para o trabalho. As análises multivariadas foram feitas de acordo com os principais fatores de risco para DME. Algumas demandas físicas agrupadas, nas etapas da coleta dos mariscos e na cata, se associaram, respectivamente, com DME em pescoço ou ombro [Razão de Prevalência - RP: 1,28 (IC95%: 1,09-1,49)] e DME em membros superiores distais [RP: 1,38 (IC95%: 1,05-1,83)], no modelo final ajustado. As RP ajustadas para DME em membros superiores distais foram de 1,26 (IC95%: 1,07-1,47), de acordo com as horas diárias dedicadas ao trabalho como marisqueira, e 0,74 (IC95%: 0,57-0,96) de acordo com o desenvolvimento de outro trabalho atualmente. O modo em que é desenvolvido o trabalho da marisqueira é importante para ocorrência dos DME.

Prevalence of Musculoskeletal Disorders and Self-Reported Pain in Artisanal Fishermen from a Traditional Community in Todos-os-Santos Bay, Bahia, Brazil

“…For Ramiser-Maestre [ 54 ], it is necessary to evaluate the perception of pain through a biopsychological model, especially when considering analysis by gender; in this way, the study cited [ 52 ] suggests that women have high pain perception, but better adapt to chronic pain, and as a consequence, have better functional capacity in relation to daily activities. In the findings of this study, it can be observed that 92.5% of artisanal fishermen reported musculoskeletal pain in at least one region of their bodies over the last year, the most afflicted parts being the regions of the wrist/hand, upper and lower back, which is closer to the findings of other scientific investigations [ 20 , 21 , 22 , 23 , 24 , 25 , 26 , 27 , 28 , 29 , 30 , 31 , 32 , 33 , 34 , 35 , 36 , 37 , 38 , 39 , 40 , 41 , 42 , 43 , 44 , 45 , 46 , 47 ].…”

“…It was possible to verify that low levels of schooling can be responsible for the ineffectiveness of public policies for fishing, as well as the fact of how easy it is for people, with absolutely no options, to start performing this fishing activity, stoking the paradigm of fishing and poverty [ 44 ]. The vulnerability and worsening of health conditions is increased due to the invisibility of this population to society and to the health systems.…”

Vigilância em saúde do trabalhador da pesca artesanal na Baía de Todos os Santos: da invisibilidade à proposição de políticas públicas para o Sistema Único de Saúde (SUS)

“…Os resultados dos estudos qualitativos foram fundamentais para maior compreensão do processo de trabalho, o que permitiu melhor adequação dos instrumentos validados e condução da pesquisa epidemiológica. Os primeiros estudos epidemiológicos no município de Saubara (BA) envolvendo uma amostra de 209 pescadoras artesanais/marisqueiras 14,15 , em 2013, foram originais e de extrema relevância, pois até aquele momento não existiam estudos desse tipo na literatura científica nacional.…”

“…Experiências vivenciadas com pescadores artesanais da BTS, que podem ser consultadas com detalhes em artigos [10][11][12][13][14][15][16][17] e em livro 25 , têm apontado que este é um caminho possível.…”

“…Partiu-se de estudos sobre as condições de trabalho, com metodologias qualitativas etnográficas e ergonômicas para conhecer o trabalho e os riscos à saúde, resultados que posteriormente foram desdobrados em outros estudos e ações que integraram o Programa de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade de Trabalhadores da Pesca. Os projetos vinculados a este programa têm buscado aprofundar aspectos relacionados ao ambiente e ao processo de trabalho [10][11][12][13] , agravos frequentes, como distúrbios musculoesqueléticos (DME), no Brasil conhecidos como lesões por esforços repetitivos (LER), e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort) 14,15 e também à QV 16,17 .…”