Fatores associados ao abandono de acompanhamento ambulatorial em um serviço de assistência especializada em HIV/aids na cidade do Rio de Janeiro, RJ

Abstract

OBJETIVO: Este estudo visou a identificar fatores associados ao abandono do serviço de saúde por pacientes com HIV/aids. MÉTODOS: O estudo foi desenvolvido no Serviço de Assistência Especializada de um hospital universitário do Rio de Janeiro, considerando uma amostra estratificada de pacientes adultos, incluindo todos os casos de abandono (155) e 44,0% dos 790 casos em acompanhamento regular. Análises bivariadas visaram a identificar associações entre o abandono do serviço de saúde e variáveis demográficas, socioeconômicas e clínicas. Um modelo de regressão logística e um modelo de Cox foram utilizados para a identificação dos efeitos independentes das variáveis explicativas sobre o risco de abandono, no segundo caso incorporando a informação sobre a ocorrência do desfecho no decorrer do tempo. RESULTADOS: Os pacientes tinham em média 35 anos, sendo predominantemente do sexo masculino (66,4%) e de nível socioeconômico baixo (45%). Em ambos os modelos, mostraram-se consistentemente associados ao risco de abandono estar desempregado ou possuir vínculo instável, usar drogas ilícitas e ter antecedentes psiquiátricos - associação positiva; e idade, ter o diagnóstico de aids e ter usado vários esquemas antirretrovirais - associação negativa. Na regressão logística, mostrou-se também positivamente associado à ocorrência de abandono o tempo entre o diagnóstico e a primeira consulta, enquanto no modelo Cox, o hazard de ocorrência de abandono mostrou-se positivamente associado a ser solteiro e negativamente associado a ter nível de escolaridade mais elevado. CONCLUSÕES: Os resultados deste trabalho permitem a identificação de pacientes com HIV/aids mais vulneráveis ao abandono do serviço de saúde.

EpidEmiological profilE of HiV positiVE patiEnts rEgistErEd in tHE District of tErEsópolis, statE of rio dE JanEiro

“…No significant differences were observed among groups of patients who did abandon and those who did not abandon the follow-up regarding gender, color/race, or home address. On the other hand, older individuals and the previous use of four or more ARV schemes as well, showed a negative association with abandonment, which is, these factors could work as a protector of this outcome (26) . However, comparing absentees with non-absentees patients, we did not observe a significant difference in patients' age (even when older and younger than 60 years were compared).…”

“…Among the main causes of treatment evasion of HIV-positive patients, we can mention the following: adverse events or toxicities (fear and/or manifestation of symptoms and signs); depression and other psychiatric disorders; alcohol and/or recreational drugs abuse; social and economic difficulties; no expectation of treatment conclusion; absence of symptoms justifying therapy, taking into account the culture of a curative medicine and not a preventive medicine; unawareness of the natural progression of the infection, and goals of therapy as well; religious beliefs and overvalue of excludent alternative therapies in relation to ARV (24) . According to Bastos Schilkowsky et al (2011) (26) , among younger individuals, the participation in promiscuous relationships, low schooling, unemployment situation or unstable job link, a long period until diagnosis and first consultation, and the psychiatric history acknowledge are increasingly factors of abandonment risk. No significant differences were observed among groups of patients who did abandon and those who did not abandon the follow-up regarding gender, color/race, or home address.…”

Evaluation of clinical parameters in people living with HIV undergoing pharmacotherapeutic monitoring: Viral load, CD4+ T lymphocytes and adherence to antiretrovirals

“…Some data show that a low count of CD4+ T cells may be a risk factor related to the disease that affects the patient's adherence to treatment (Schilkowsky et al, 2011). Studies try to explain this situation using two theories: the physical and cognitive patient receives as the disease progresses (Melchior et al, 2007;Gir et al, 2005;Garrido and Castro, 2005).…”

O silêncio no cotidiano do adolescente com HIV/AIDS

“…O uso prolongado de ARV, como a situação vivida pelos adolescentes infectados na infância, está relacionado ao acompanhamento clínico permanente e no longo prazo, que pode facilitar o processo de adaptação e aceitação dos esquemas de ARV. Entretanto, o tempo indeterminado do tratamento dessa doença crônica, ainda sem cura, possivelmente implica a dificuldade de adesão (19) . Mesmo com os avanços da terapia de medicamentos para o HIV/aids, os efeitos colaterais dos ARV são frequentes e podem se associar aos fatores relacionados à fragilidade na adesão ao TARV, pois os principais efeitos são: diarreia, distúrbios gastrintestinais (vômito e náuseas) e rash cutâneo (2,13) .…”