O presente estudo se dedica a analisar a história de vida e de relacionamento amoroso de adolescentes em medida socioeducativa de internação que foram apreendidas com seus parceiros, a fim de compreender aspectos e eventos que ocasionariam risco ao cometimento de um ato infracional. Realizou-se estudo de casos múltiplos com três adolescentes que foram apreendidas junto com parceiro amoroso. Os dados foram coletados por meio de entrevista narrativa e analisados fazendo-se uso da análise temática. A análise dos dados privilegiou uma leitura desenvolvimental do fenômeno a partir dos pressupostos da Teoria do Apego. O principal achado refere-se à importância da fuga do lar na determinação do risco para o envolvimento com atos infracionais com parceiro amoroso, pois ensejou o enfraquecimento dos vínculos com as figuras parentais e com a escolarização. A transição para adolescência, o comportamento de risco, a atração por parceiro envolvido com ilicitude e a influência do parceiro se relacionaram com a fuga do lar, motivando-a ou dando contexto para sua manutenção. O fortalecimento das políticas públicas em prol da proteção a crianças e adolescentes figura como fundamental para a prevenção de comportamentos de risco e envolvimento com atos infracionais.