Resumo: Partindo da noção da réplica bakhtiniana, assim como considerando também os conceitos de enunciado e gênero, analisa-se a interação verbal entre professora e alunos numa classe de Língua Portuguesa de uma escola da rede pública estadual, com o fito de descrever a situação discursiva, por meio da exploração dos enunciados e identificar as estratégias de (des)cortesia empregadas pelos sujeitos interactantes nessa situação concreta de diálogo. A discussão que aqui se entabula apoia-se em conceitos desenvolvidos por Bakhtin e seu Círculo, assim como nos estudos de Preti (2008) e de Kerbrat-Orecchioni (2002), quanto à definição e caracterização da cortesia e quanto aos recursos linguísticos relacionados com a sua manifestação. Os dados utilizados para este estudo são parte do corpus da pesquisa de mestrado em andamento junto ao Programa de Pós-graduação em Letras: Cultura, Educação e Linguagens da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -UESB. Para a produção dos dados deste artigo, delimita-se uma aula do corpus da pesquisa, a fim de observar nos enunciados que a compõem a presença de estratégias de (des)cortesia. Os resultados apontam para a presença de enunciados que podem ser analisados como estratégias de cortesia tanto por parte da professora quanto pelos alunos, considerando, porém, que tal caracterização não pode ser definitiva, visto que os sistemas interacionais e as regras de cortesia variam de um grupo cultural para outro. Palavras-chave: Cortesia. Gênero. Réplica.
Considerações iniciaisO espaço-tempo da sala de aula é propício para a interação de professor e alunos no intuito de construir os processos de ensino e aprendizagem, os quais se efetivam por meio da realização de atividades as mais diversas, envolvendo o uso da língua e da linguagem verbal e não verbal. Dentro desse espaço-tempo as relações são tecidas por intermédio da linguagem, valendo-se os atores do processo de enunciados completos que podem ser replicados e que são por sua vez réplicas em relação a outros enunciados anteriores. A (des)cortesia, como estratégia de manutenção de relações, está presente nesse contexto, assim como em todas as relações humanas.