Espiritualidade na formação acadêmica em psicologia no Rio Grande do Sul

Abstract

Embora estudos científicos recentes comprovem correlação positiva entre espiritualidade e saúde, outros apontam a espiritualidade do psicólogo como menor que a da população em geral. Visando analisar a espiritualidade de acadêmicos de psicologia, foram investigados 1.064 estudantes (672 calouros e 392 formandos) de todas as universidades gaúchas com formandos em 2009. Foram aplicados questionário biossociodemográfico, questionário sobre valores e aspectos espirituais e religiosos, Escala de Bem-Estar Espiritual e Subescala de espiritualidade, religiosidade e crenças pessoais do World Health Organization Quality of Life Group-100. Os resultados revelaram que formandos apresentam índices significativamente menores de Bem-Estar Espiritual (t = 3,769; p < 0,001). Eles também referem acreditar significativamente menos em Deus, força superior e/ou energia (χ² = 10,03; p < 0,001). Além disso, a importância da espiritualidade na clínica psicológica e no enfrentamento de situações cotidianas também é menor para os formandos (p < 0,001). Esses dados indicam que provavelmente o curso de psicologia contribua para o declínio da espiritualidade, o que revela a necessidade de reavaliação sobre como a espiritualidade está sendo abordada na graduação.

Spirituality and Health in Brazil: A Survey Snapshot of Research Groups

“…Based on the publications in the Lattes Curriculum, researchers in the selected groups investigated the following topics: (a) Quality of life in several contexts and populations: in situations of illness (Carvalho et al 2019), older people (Santos and Abdala 2014;Veras et al 2019;Reis et al 2016); people with HIV/AIDS (Gomes et al 2020), and mental health (Lucchetti et al 2018;Mainieri et al 2017;Nwora and Freitas 2020). (b) The lack of S&H training for students and health professionals (Cavalheiro and Falcke 2014;Costa et al 2019;Lucchetti and Granero 2010;Aguiar et al 2017). (c) Integration of spirituality into healthcare (Esperandio 2014;Moreira-Almeida et al 2006;Sens et al 2019;Cunha and Comin 2019;Oliveira et al 2018).…”

“…The gynecologist's statement represents some Brazilian healthcare professionals' understanding of the relationship between spirituality, religion, and health. Such an understanding likely results from a lack of training on the adequate integration of spirituality in healthcare, as some Brazilian researchers have pointed out (Costa et al 2010;Lucchetti et al 2012Lucchetti et al , 2013Cavalheiro and Falcke 2014;Esperandio and Machado 2018;Menegatti-Chequini et al 2019).…”

A Dimensão Religiosidade/Espiritualidade na Prática Clínica: Revisão Integrativa da Literatura Científica

“…Torna-se claro na prática clínica que, na maioria das vezes, não é possível fragmentar o paciente/cliente em diversas dimensões, pois todas são interligadas (Lucchetti et al, 2010). Torna-se importante pensar as implicações disso para a prática profissional e rever a necessidade de reformulação dos paradigmas norteadores da ciência psicológica (Cavalheiro & Falcke, 2014), já que a inclusão de disciplinas que abordam questões da R/E permite tratar esse tema em sua amplitude, por meio de suas interrelações com outras temáticas (Dal-Farra & Geremia, 2010). É importante considerar que o olhar para a R/E na prática clínica não deve focar apenas as disciplinas, mas também a formação em serviços, nas supervisões clínicas e em outros fóruns de discussão.…”

A religiosidade/espiritualidade (R/E) como componente curricular na graduação em Psicologia: relato de experiência

“…Assim sendo, pela visão de homem concedida por cada uma delas, seria possível compreender a dinâmica de inclusão e atuação dessas dimensões. Mas o que acontece, provavelmente, é que as linhas teóricas frequentemente ensinadas têm em sua base autores com visões negativas e contrárias às religiões como, por exemplo, B. F. Skinner e Sigmund Freud (Pargament, 2007), sendo essa, outra condição que pode contribuir também para que os alunos se formem em Psicologia menos religiosos do que entraram, tendo em vista maior afinidade com essas abordagens (Cavalheiro & Falcke, 2014). Observa-se a satisfação com a disciplina, ao dar liberdade ao aluno de comentar livremente sobre o que julgar pertinente e encontrar manifestações para que continue sendo ofertada: "Achei uma eletiva muito bacana que deveria continuar sendo ofertada" (A2), "Agradeço a oportunidade e espero que tenhamos a tópicos 5 versão II" (A15).…”

“…Se a dimensão da R/E tem revelado a sua importância na prática e na pesquisa, por que não incorporá-la como um conteúdo programático? Por que não incorporar essa dimensão na formação de novos profissionais?Mais do que isso, ao que parece, a formação em Psicologia influenciaria na condição de tornar o psicólogo menos religioso do que quando ele ingressou no ensino superior, isso porque os conteúdos da sua formação, excessivamente positivistas e desconsiderando tais dimensões, poderiam levar ao embotamento da sua R/E(Cavalheiro & Falcke, 2014). Tudo indica que essa relação justificaria as evidências de que psicólogos e psiquiatras tendem a ser menos religiosos se comparados com a população em geral(Moreira-Almeida, Lotufo Neto, & Koenig, 2006).…”