ResumoEste artigo objetiva verificar os papéis que práticas de letramento assumem para pessoas com mais de 60 anos. A pesquisa foi realizada de um ponto de vista qualitativo/quantitativo, a partir da aplicação de um questionário junto a 40 sujeitos com idade superior a 60 anos. Foram coletadas informações sobre as práticas de leitura e de escrita, as suas dificuldades, bem como a relevância dessas práticas no próprio processo de envelhecimento. Verificou-se que os idosos referem dificuldades relacionadas a questões ortográficas, textuais e biológicas. As atividades de letramento são utilizadas, também, com o objetivo de melhorar a cognição. Além disso, eles reconhecem que essas atividades trazem benefícios para a promoção de um envelhecimento ativo e saudável. Palavras-chaves: Letramento; Envelhecimento; Linguagem.
AbstractThis paper aims at examining the roles played by literacy classes for adults older than 60. Forty individuals over 60 years old were interviewed for this quantitative/qualitative study. Information was gathered on their experiences with reading and writing, their difficulties and the perceived relevance of those classes on the ageing process. The participants indicated having difficulties with orthographic, textual and biological questions. The literacy activities were also used to improve their cognitive abilities. Moreover, the participants identified benefits of those activities for a healthy and active ageing. Dessa forma, o envelhecimento populacional é fato consumado que exige o desenvolvimento de programas e ações capazes de contemplar a promoção da saúde na velhice, visando um envelhecimento ativo e participativo, conforme as recomendações da Organização Mundial de Saúde. Segundo Queiroz e Papaléo Neto (2007), dentre todos os programas direcionados aos idosos, aspectos que dizem respeito à sociabilidade e à educação devem assumir primazia na promoção de um envelhecimento saudá-vel. Nessa direção, entendendo que a interação social e que o acesso à educação dependem, inevitavelmente, de processos interlocutivos que se efetivam no espaço de produção da linguagem, convém destacar os papéis que a leitura e a escrita podem assumir no processo de envelhecimento.De acordo com Neri (2007), 49% da população idosa brasileira é considerada analfabeta funcional. Sendo que, desse total, 23% dos pesquisados declaram não saber ler e escrever, 4% deles afirmam só saber ler e escrever o próprio nome e 22% dos idosos consideram a leitura e a escrita atividades penosas, seja por deficiência no aprendizado, problemas de saúde, ou ambos os motivos . Ou seja, uma parcela significativa da população idosa permanece à margem da sociedade grafocêntrica atual, confirmando a necessidade de implantação de políticas pú-blicas que contemplem atividades de letramento junto a tal população. Nesse sentido, cabe destacar o papel que profissionais da saúde e da educação podem desempenhar nesse cenário, formulando propostas capazes de promover um envelhecimento saudável a partir do desen-* Endereço para correspondência: Un...