“…Este processo acadêmico se mostra atento às intensas transformações sócio-históricas que passaram a produzir novas condições de vida, novas relações das crianças com a estrutura social e novas concepções e saberes acerca dos grupos geracionais relativos à infância que contribuíram para que as crianças (e os bebês) pudessem ser olhados de uma forma diferenciada do que até então tinham sido (Amorim & Rossetti-Ferreira, 1999;Clarke-Stewart & Friedman, 1987;Kuhlmann Jr., 2015;Silva & Neves, 2020). Algumas das transformações destacadas pela literatura consistem em: processos de crescente urbanização e industrialização das sociedades ocidentais (Kernan, 2010;Rossetti-Ferreira, Ramon & Silva, 2002), mudanças estruturais na organização familiar e no lugar social e político da participação da mulher, implicando sua presença crescente no mercado de trabalho (Amorim & Rossetti-Ferreira, 1999;Castelli & Delgado, 2017); movimentos de mulheres que reivindicavam a creche como direito da criança pequena e espaço de qualidade de socialização infantil (M. Campos, Rosemberg & Ferreira, 2001;Teles, 2015); e, a formulação de leis, documentos oficiais e políticas de cuidado e educação de bebês e crianças bem pequenas (Gobbato & Barbosa, 2017;Rosemberg, 2015;Rossetti-Ferreira et al, 2002) que passaram a pavimentar uma nova proposta de cuidado e educação de bebês. Tais eventos colaboram na catalisação de mudanças sem precedentes nos contextos e condições de educação e desenvolvimento de crianças pequenas em diversas sociedades ao redor do mundo (Rossetti-Ferreira et al, 2002) e do fortalecimento do fomento estatal de contextos coletivos de educação/cuidado de bebês que buscam superar sua tradição assistencialista.…”