ResumoTrata-se de uma pesquisa bibliográfica, exploratória, de abordagem qualitativa, que tem por objetivo descrever a situação em que ocorrem os partos domiciliares no Brasil. Entre o século XVI e o século XVIII os partos eram realizados em casa, de maneira não intervencionista, assistidos por parteiras, que desenvolviam suas práticas com base em um saber empírico transmitido de geração a geração. Com o advento do capitalismo, a medicina adquiriu um papel relevante devido à necessidade de controle das forças produtivas, levando aumento do interesse médico pela reprodução, o que acarretou a incorporação da obstetrícia à medicina e, posteriormente, a um gradativo processo de medicalização e institucionalização do parto, sob a justificativa do suposto potencial patológico deste evento. Entretanto, apesar da hegemonia do modelo hospitalocêntrico-tecnocrático consolidado a partir do século XX, muitos vêm sendo os nichos de resistência que buscam humanizar o nascimento e resgatá-lo enquanto um evento fisiológico. Diante de uma realidade desanimadora e recorrente de violência institucional e de práticas e condições desumanizadas, o parto domiciliar vem se apresentando como opção para mulheres que buscam realizar um parto mais natural e independente das rotinas e normas das instituições hospitalares. Os resultados deste estudo são apresentados de forma dissertativo-discursiva, buscando localizar o parto domiciliar enquanto prática cultural de comunidades com dificuldades de acesso aos serviços de saúde e enquanto uma alternativa ao modelo institucional. Constatou-se que, sob a perspectiva socioeconômica, existem condições distintas que caracterizam a ocorrência do parto domiciliar no Brasil.
Palavras-chave:Parto domiciliar; Parto natural; Assistência ao parto.
THE SITUATION OF CHILDBIRTHS AT HOME THAT OCCUR IN BRAZIL AbstractThis is a bibliographical study of analysis exploratory and qualitative, which aims to describe the situation of childbirths at home that occur in Brazil. Between the sixteenth and eighteenth century the childbirths were performed at home, and realized with non-interventionist, assisted by midwives, who were developing their practices based on an empirical knowledge transmited from generation to generation. With the advent of capitalism, medicine acquired a relevant position because the society need to control of the productive forces, causing increased interest by reproducing and this result in the incorporation of obstetric medicine and, subsequently, a gradual process of medicalization and institutionalization of childbirth, with the justification of the supposed potential of this pathological event. However, despite the hegemony of model hospital medical consolidated from the twentieth century, some groups of resistance have realized efforts to humanize the childbirth and rescue as a physiological event. Facing a grim reality and recurrent violence and institutional practices and conditions dehumanized, the childbirths at home has been presented as an