Ensino de ofícios artesanais e manufatureiros no Brasil escravocrata

Os professores da educação profissional: saberes e práticas

“…Assim, não tem sido construída uma cultura de produção acadêmico-científica na área. 4 Para Cunha (2000), esse "espaço vazio" da pesquisa sobre a educação profissional no Brasil se explica, pelo menos em parte, pelo fato de que os historiadores da educação brasileira se preocuparam, principalmente, com o ensino que se destina às elites políticas e ao trabalho intelectual, deixando de lado as classes populares e reforçando a desigualdade social.…”

O currículo de cursos técnicos de lazer no Brasil: um estudo de caso da formação profissional

“…Além disso, vale lembrar que a concepção de ensino baseada nessa dicotomia "instrumental/intelectual", em que um pensa e o outro executa, se assemelha à configuração de ensino dos períodos pós-escravidão e de industrialização do Brasil, em que o processo de formação foi claramente dividido em duas trajetórias: um ensino para as elites e outro para as classes abastadas (Kuenzer, 1999;Cunha, 2000).…”

Artesanato E Design: Os Efeitos De Um Encontro

“…O resultado disso foi a implementação do trabalho e aprendizagem compulsórios. Certos ofícios passaram a ser ensinados a crianças e jovens que não tivessem escolha -antes de tudo aos escravos, às crianças largadas nas Casas da Roda, aos "meninos de rua", aos delinquentes e a outros desafortunados (CUNHA, 2000) Além do governo português a Companhia de Jesus teve papel importante na instituição das corporações de ofício e confrarias no Brasil e também na rejeição ao trabalho manual, já que valorizava especialmente a atividade intelectual. Os colégios e residências dos jesuítas foram, talvez, os primeiros núcleos de artesanato urbano no Brasil.…”

“…O processo construtivo também teve que ser adaptado de acordo com o ambiente do Novo Mundo totalmente diverso do europeu. Assim, novos materiais, como madeira e mesmo a pedra -escassa em algumas regiões -foram experimentados e adequados a realidade local (ALEGRE, 1985;1988;CUNHA, 2000;FROTA, 2000).…”

“…A concorrência externa reforçada pela política econômica restritiva da Metrópole desincentivavam a produção interna, quando determinações régias não impediam a atividade manufatureira na Colônia. Esses impedimentos foram particularmente graves para a ourivesaria e manufatura têxtil, a primeira duramente reprimida no Brasil, apesar de todo ouro aqui extraído e fundido; apesar da grande produção local de algodão e do mercado gerado pela economia mineira, altamente urbanizada e de renda elevada a atividade têxtil não chegou a se desenvolver aqui devido a proteção diante dos tecidos ingleses (CUNHA, 2000).…”