A proposta do artigo é analisar as respostas das políticas de inovação aos contornos do processo econômico no Brasil, no período recente. Os dados foram obtidos em fontes secundárias, notadamente relatórios, regulamentos e bases estatísticas oficiais disponíveis nos sites de Ministérios. Parte-se do princípio, caro aos Innovation Studies, de que a inovação seria um processo socioeconômico relacional cuja consecução depende, sempre, de uma complexa rede de atores e de difíceis mudanças nas práticas sociais. O estudo orienta-se pela conjectura de que a consecução de uma agenda de políticas combinadas de indução, regulação e competição econômica condicionaria favoravelmente o avanço de capacidades, interações e complementaridades dos atores produtivos, na direção da formação de sistemas de inovação. Isso requeria, entre outros fatores, novas concertações entre forças do setor público e do setor privado, pois atores produtivos tradicionais tenderiam a resistir ao processo, deixando de se envolver com a agenda, acionando recursos de poder para pressionar atores estatais a apoiar e legitimar a reprodução de seu escopo de atuação, e obliterando os desdobramentos do processo.