O presente documento constitui uma reflexão de teoria e política, que busca inserir a análise da política exterior de Argentina, Brasil e Chile no quadro das relações hemisféricas (Estados Unidos) e do Mercosul. No caso dos três países latino-americanos, apresenta-se uma identificação das tendências predominantes na interpretação da inserção possível, da visão de si mesmos no atual sistema internacional e uma aproximação geral das agendas bilaterais, sub-regionais e da agenda hemisférica norte-americana.
BrasilPara analisar as relações bilaterais entre Argentina e Brasil, devemos partir de uma leitura geral do que tem sido a política exterior brasileira nos últimos anos e analisar suas relações com os Estados Unidos -o ator extra-regional mais influente -assim como suas estratégias regionais, tanto no Mercosul como a nível sulamericano.Em meados dos anos 70, o Brasil havia iniciado uma mudança substancial de sua política exterior, como conseqüência de uma reformulação de seu modelo de desenvolvimento. Depois de um período de grande dinamismo em política exterior (abertura para a África; participação ativa nas agendas do mundo em desenvolvimento, etc.) e de um forte crescimento econômico, mudanças internas e externas levaram a uma sensação de esgotamento dessas estratégias. Com efeito, o modelo de política exterior da década de 1980, das presidências Figueiredo e Sarney, associado ao "desenvolvimento nacional", havia evoluído rumo a uma fase de crise e contradições (Cervo & Bueno, 1992;Cervo, 1994). É nesse contexto que a candidatura Collor de Melo (1989) lança sua plataforma, gerando, em matéria de política externa, três tipos de expectativas (Hirst & Pinheiro, 1995): atualizar a agenda internacional do País; construir uma nova agenda prioritária e não conflitante Rev. Bras. Polít. Int. 41 (1): 90-108 [1998] * Traduzido do espanhol por José