Eficiência hospitalar no SUS: análise de 10 hospitais do mix público-privado do estado de Mato Grosso

Abstract

RESUMOA assistência hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS) tem diante de si um desafio: aumento da eficiência. Para verificar a situação dos hospitais que compõem o mix público-privado do SUS no estado de Mato Grosso, comparando a eficiência de 10 hospitais distribuídos entre públicos, privados e filantrópicos, este trabalho aplicou a Análise Envoltória de Dados, do inglês Data Envelopment Analysis (DEA), metodologia que pode incorporar múltiplas entradas e saídas. A medida de eficiência por esse método considera o mix de entradas e saídas, sendo mais abrangente e confiável do que um conjunto de taxas operacionais ou medidores de lucratividade, e aplicável a diversos tipos de organizações públicas e sem fins lucrativos. Este trabalho caracteriza-se como um estudo multicaso descritivo e exploratório com abordagem quantitativa. Foram selecionados 10 hospitais distribuídos entre públicos, privados e filantrópi-cos, localizados em três regiões de saúde do estado de Mato Grosso, estratégia que permitiu comparar a eficiência observada entre as três categorias de hospitais. No ano de 2011, os hospitais filantrópicos (1) e privados (0,96) apresentaram scores de eficiência melhores que os públicos (0,84). O mesmo ocorreu no primeiro semestre de 2012, quando os privados (0,95) e filantrópicos (0,92) inverteram sua posição, mas continuaram com melhor desempenho que os públicos (0,81). Em ambos os períodos, os públicos apresentaram o menor nível de eficiência total. Assim, nesse modelo de análise DEA aplicado no conjunto dos hospitais pesquisados, tanto os hospitais privados quanto os filantrópicos apresentaram um patamar de eficiência mais elevado do que os hospitais públicos, o que é discutido. PALAVRAS-CHAVE:Sistema Único de Saúde, assistência hospitalar, eficiência organizacional, administração hospitalar, Análise Envoltória de Dados.

Efficiency Evaluation of Private Hospitals in Brazil: A Two-Stage Analysis

“…Medical doctors Grosskopf and Valdmanis (1987), Kirigia, Lambo, and Sambo (2000), Aletras et al (2007), De Nicola et al (2013, Mogha, Yadav, and Singh (2014), Souza et al (2016), and Souza et al (2017).…”

“…Hospitalizations Ferrier and Valdmanis (1996), Cunha and Corrêa (2013), Mogha et al (2014), Souza et al (2016), and Souza et al (2017).…”

“…In 2018, Brazil had 4,841 private hospitals, corresponding to 69% of the Brazilian hospitals (Ministério da Saúde, 2018). The efficiency of Brazilian private hospitals raised the attention of several studies in recent years, especially when compared to public hospitals (Ramos et al, 2015;Trivelato, Soares, Rocha, & Faria, 2015;Silva, Moretti, & Schuster, 2016;Souza, Scatena, & Kehrig, 2017). However, there are few studies devoted exclusively to evaluating the efficiency of private hospitals in the country (Araújo et al, 2014;Saquetto, Carneiro, Araújo, & Figueiredo, 2017).…”

Eficiência da alocação de recursos públicos nas unidades da federação nos governos Lula e Dilma

“…A qualidade de vida da sociedade, medida por tais indicadores de desenvolvimento, está relacionada com o uso eficiente dos recursos públicos (Debnath & Shankar, 2014;Mukokoma & Dijk, 2013). Considerando-se que o conceito de eficiência é frequente-mente abordado quando se faz alusão a gastos públicos, vale enfatizar que o termo compreende a combinação ótima da utilização de recursos com os métodos adotados em um processo de produção, gerando o máximo possível (Peña, 2008;Souza et al, 2017). Logo, a eficiência, para os fins deste estudo, visa otimizar os recursos, garantindo o melhor resultado por meio da utilização mínima de recursos, sem comprometer a qualidade do produto final (Banker & Natarajan, 2008;Hauner & Kyobe, 2010;Peña, 2008).…”

“…Alinhado a isso, ressalta-se que, apesar de muitos países latino-americanos, como é o caso do Brasil, oscilarem entre diferentes concepções ideológicas, o modelo burocrático no setor púbico ainda prevalece (Santos & Schommer, 2018), sinalizando a importância de investigar aspectos da gestão pública voltados à eficiência da utilização de recursos públicos, que é uma crítica frequente ao modelo burocrático (Secchi, 2009). Entende-se como eficiência a utilização ótima dos recursos disponíveis, de modo a gerar o máximo de produtos ou serviços possíveis, ou seja, a eficiência está voltada à capacidade de executar algo, minimizando a relação entre insumo e produto (Peña, 2008;Rodrigues, 2017;Souza, Scatena, & Kehrig, 2017). No âmbito da administração pública, compreende-se que a principal finalidade dos governos é oferecer bens e serviços públicos, com o intuito de ampliar os níveis de bem-estar social da população (Chiechelski, 2005;Debnath & Shankar, 2014;Mukokoma & Dijk, 2013).…”