Educação Básica e COVID-19: desafios, estratégias e lições dos professores em tempos de distanciamento social

Abstract

Mesmo sendo conhecidos os problemas da educação no Brasil, a pandemia causada pela Covid-19 aflorou discussões de diversos âmbitos e intensas mobilizações para continuidade do processo educativo. O presente estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa que tem como objetivo analisar e apresentar os dados obtidos por meio de pesquisa feita com professores com o intuito de mapear as estratégias, os desafios e as lições do ensino remoto experimentado neste período de necessário distanciamento social. Para coleta de dados, utilizou-se um questionário eletrônico que contou com a participação de Professores em exercício em instituições de ensino públicas e privadas de várias regiões brasileiras. Utilizou-se o método de amostragem não probabilística denominado Bola de Neve Virtual (ou amostra por rede), que consistiu no envio do questionário por meio de um link, por e-mail e WhatsApp, contendo as questões, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido- TCLE virtual e o pedido de compartilhamento do link com a rede de contatos daquele participante. O estudo demonstrou que, embora existam diferentes realidades de atuação e alguns casos de sucesso, houve pontos consensuados como sendo comprometedores à prática pedagógica e ao processo de aprendizagem, como as dificuldades de acesso a recursos tecnológicos e internet por parte dos alunos, o não desenvolvimento da autonomia para aprendizagem, a dificuldade de acompanhamento dos pais/responsáveis, a excesso de atividades tanto dos educadores como dos pais, o conteudismo do sistema escolar, e os efeitos negativos na saúde mental de todos envolvidos no sistema.

Angústias e tensões de professores de Educação Física durante o período da Covid-19

“…Em meados de junho, ainda de maneira extraoficial e semelhante ao que encontraram Vaz, Santos & Pereira (2021), em nossa escola, decidimos, por meio de uma reunião online, postar as tarefas pelo Facebook, nos grupos das turmas. Inseríamos as atividades de Educação Física semanalmente, em menor número, muitas vezes uma ou duas propostas, que levavam em consideração, além do próprio corpo, um material com alta probabilidade de disponibilidade na casa do estudante ou próximo a ela, tais como, garrafas PET, bolas de meia, tampas de garrafas, pedras etc., para fazer brincadeiras.…”

“…Conforme argumentam Silva, Santos & Miranda (2021), a implementação dessa modalidade de ensino no contexto da pandemia encontrou entraves, uma vez que professores, estudantes e a comunidade escolar não haviam sido preparados para operar as respectivas práticas escolares a contento, e não se conseguiu manter os níveis educacionais verificados na modalidade presencial. Já em pesquisa realizada com professores e professoras de escolas de diversos estados brasileiros, Vaz, Santos & Pereira (2021) mostraram que 42,98% dos participantes afirmaram que, até o mês de agosto de 2020, suas instituições de ensino não haviam disponibilizado nenhum recurso destinado ao ensino remoto, e que aqueles profissionais buscaram, por iniciativa própria, continuar as atividades educacionais por meio de grupos criados pelas redes sociais ou por e-mail.…”

Retorno às atividades presenciais pós-pandemia e a dificuldade de aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental: Uma avaliação do nível de leitura e escrita alfabético

“…Na busca de soluções, o Ministério da Educação (MEC) possibilitou às instituições de ensino brasileiras, por meio de normatizações, a oportunidade de ofertar aulas remotas aos estudantes especificamente para a Educação Básica. Nesse contexto, surgiu uma grande mobilização das instituições, professores, alunos e famílias para se adaptarem, em pouco tempo, a essa modalidade que passou a ser denominada de Ensino Remoto Emergencial (ERE) (Vaz, et al, 2021).…”