Em 2020, no contexto da pandemia da covid-19, Salvador passou a ser segunda capital brasileira com maior incidência de casos de feminicídio no país. Dado esse contexto, este artigo tem por objetivo caracterizar os casos de feminicídio ocorridos em Salvador, entre os anos de 2017 e 2020, a partir da base de dados da Secretaria de Segurança Pública do estado da Bahia (SSP/BA). No que concerne ao percurso metodológico, trata-se de um estudo descritivo de abordagem qualitativa. Para a sua elaboração foram utilizadas as pesquisas bibliográfica e documental. A análise de conteúdo foi adotada para a análise dos dados. Ao analisar a caracterização dos feminicídios, em Salvador, evidenciou-se que foram 60 casos registrados entre os anos de 2017 e 2020. Inferiu-se que, no que se refere ao gênero, é possível verificar que há uma sumária impossibilidade de identificação dos casos de pessoas trans e travestis nos dados levantados. Dentre as vítimas, 36 eram pardas, o que representa 60% dos casos, 20 delas tiveram a cútis não informada (33,33%) e apenas 3,33% de mulheres brancas e de mulheres negras, respectivamente. Esse resultado aponta para uma fragilidade na metodologia de registro de dados da SSP/BA. Levantou-se também a faixa etária das vítimas, que inclui mulheres com idade entre 35 e 64 anos, cujos agressores utilizam de arma de fogo ou de arma branca para cometer tal crime. No que se refere às políticas públicas de enfrentamento ao fenômeno, em 2021 foi lançado o Protocolo do Feminicídio da Bahia, a fim de orientar quanto à diretrizes estaduais.