RESUMOA presente pesquisa possui como objetivo identificar os sujeitos, do gênero feminino, que migraram do mercado de trabalho para o exercício da profissão do lar em um município gaúcho, bem como os principais fatores para tal atitude. Foram entrevistados nove sujeitos do gênero feminino por meio da técnica bola de neve e utilizou-se análise de conteúdo para tratar dos dados coletados. Os resultados demonstram que os fatores familiares foram os responsáveis pela transição do mercado de trabalho para o exercício da profissão do lar pela mulher, o que é explicado historicamente por ser o espaço privado destinado às mulheres, enquanto aos homens destina-se o espaço público. A maioria das entrevistadas se reconhece como profissionais do lar e afirma ser reconhecida por suas famílias. O reconhecimento desse trabalho deve vir da sociedade, nas discussões coletivas sobre o papel social, histórico, cultural e econômico de ambos os gêneros: masculino e feminino.Palavras-Chave: Gênero, Mulheres, Profissão do Lar, Afazeres Domésticos, Relações de Trabalho.
INTRODUÇÃOHistoricamente, a mulher tem exercido a responsabilidade, muitas vezes sozinha, em dedicar-se aos cuidados do lar, dos filhos, do marido e demais familiares, enquanto o homem o incumbido do sustento econômico do lar e da ordem familiar. Desta forma, à mulher era reservada a esfera privada, sendo afastada da sociedade, e ao homem a esfera pública. Esse tipo de cultura social persiste há séculos em nível mundial, pois tanto as mulheres quanto os homens são educados de formas distintas e assumem, ao longo de suas vidas, diferentes papéis sociais. Por esta razão, o trabalho doméstico sempre foi e ainda é praticada, via de regra, por mulheres.A partir da década de 1970, as manifestações sociais, a evolução sociocultural e a busca por direitos das mulheres fizeram com que essas entrassem no mercado de trabalho e iniciassem a ocupação, paulatinamente, de cargos de chefia antes somente ocupados por homens (BRUSCHINI et al., 2011;SCHLICKMANN;PIZARRO, 2013). As manifestações sociais transformaram o papel da mulher no trabalho, na família, na política, na religião, na economia, entre outras esferas (BRUSCHINI, 2007;DINIZ, 2004;SANTOS, 2008