Doença De Chagas: Perfil De Morbidade Hospitalar Na Região Do Nordeste Brasileiro

Abstract

A Doença de Chagas (DC) é uma infecção parasitária que acomete milhões de indivíduos no mundo, principalmente, os que vivem em países marcados pela pobreza. Levando em conta a dimensão desta doença negligenciada. Assim, o presente estudo tem por objetivo avaliar variáveis associadas a morbidade hospitalar por DC na região Nordeste do Brasil. Para isso, foram utilizados os dados armazenados no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), referente ao número de internações e de óbitos, taxa de mortalidade hospitalar, valor médio por internação e valor total das internações, regime, caráter de atendimento, sexo e cor/raça, considerando a população do Nordeste, no período de 2008 a 2018. Os dados obtidos apontaram que os anos de 2008 e 2011 foram, respectivamente, os anos de maior e menor registros de internações. No entanto, 2008 deteve a taxa de mortalidade hospitalar mais baixa. Considerando todo o período, foram gastos US$ 1.272.109,80 em internações, o que equivale a um valor médio por internação de US$ 675,20. A maior parte das internações foram realizadas no sistema público de saúde, além de serem de caráter de urgência. Também se verificou que o sexo masculino apresentou maiores registros em todas as variáveis quando comparados com o sexo feminino. Ademais, a cor parda foi predominante em relação às demais. Dessa maneira, pode-se perceber um alto investimento para tratamento de pessoas acometidas com doenças de chagas que vem reduzindo ao longo dos anos, associado também a redução do número de internações hospitalares, e aumento da taxa de mortalidade.

Epidemiologia da Doença de Chagas Aguda no Nordeste Brasileiro

“…A faixa etária predominante se concentrou entre 20 e 39 anos, com 41%, seguido de 40 a 59 anos com 26%. Esses dados são condizentes com outros estudos realizados em território brasileiro (Alencar et al, 2020;Bozelli et al, 2006;Cardoso et al, 2017;Pereira et al, 2017;Rodrigues et al, 2013;Silva, Andrade Júnior & Dantas, 2019).…”

“…É uma patologia de caráter infeccioso, com fase aguda e crônica, sendo enquadrada dentro das enfermidades negligenciadas segundo a Organização Mundial de Saúde (Dias et al, 2016). As condições de pobreza e carência de opções terapêuticas eficazes e seguras estão intimamente relacionadas com tal fato, o que reforça a condição de endemia nos países do continente americano (Silva, Andrade Júnior & Dantas, 2019).…”

Epidemiologia da Doença de Chagas aguda no Brasil de 2007 a 2018

“…As doenças negligenciadas têm como principais características o fato de se relacionarem com condições de pobreza e as opções terapêuticas seguras e eficazes são escassas. Neste grupo, a Doença de Chagas (DC) destaca-se como uma parasitose endêmica em países do continente americano (A. P. da Silva, Andrade Júnior & Dantas, 2019). Nos 21 países das Américas, afeta aproximadamente seis milhões de pessoas, com incidência anual de 30 mil casos novos na região, ocasionando em média, 14.000 mortes por ano e 8.000 recém-nascidos infectados durante a gestação.…”

“…As manifestações desta doença podem se apresentar em três fases: a fase aguda, a fase crônica assintomática e a fase crônica sintomática (A. P. da Silva et al, 2019). Entre as fases mencionadas, a fase aguda é bastante crítica, principalmente, pela possibilidade da evolução para a fase crônica, caso não haja diagnóstico rápido e efetivo (Dias et al, 2016).…”

“…A DCA é geralmente assintomática (90% dos casos) e pode ser caracterizada por parasitemia elevada, febre, mal estar, sinal de Romanã (nódulo na região ocular), chagoma de inoculação (nódulo cutâneo), etc. Tende a ser mais severa em crianças e ocasionar nesta fase complicações como miocardite e meningoencefalite, podendo levar a óbito (A. P. da Silva et al, 2019). A fase aguda da doença muita das vezes passa despercebida e o diagnóstico só é feito na fase crônica, o que reduz a quantidade de casos notificados (G. G. e Silva et al, 2020).…”