Do barro à arte: experiências de diálogo entre a extensão universitária e a cultura popular

Abstract

O presente trabalho, fruto de um relato de experiência, almeja refletir sobre a extensão universitária como meio de (re)conhecimento da cultura popular regional. No cerne de um projeto extensionista, os conhecimentos da Ginástica Para Todos (GPT) foram desenvolvidos de forma reflexiva e crítica, dando vida a coreografia intitulada “Do barro à arte”, a qual tematizou a produção de cerâmica no Vale do Jequitinhonha. O (re)conhecimento e a apropriação da cultura regional foram realizadas de distintas formas, em especial, por meio de visita técnica realizada na cidade de Araçuaí/MG, onde, a partir dos relatos dos ceramistas, compreendemos as histórias e os modos de vida dos artesãos/artistas. Tais vivências perpassaram o corpo e compuseram a apresentação final, destacando a singularidade, a beleza e a potência da cerâmica do Vale, valorizando, sobretudo, essa rica manifestação da cultura popular.

Ginástica para Todos e cultura popular

“…Aquele pensar, instiga movimentos de resistência, quando alude ao movimentar ginástico que aponta um posicionamento crítico e político; a interculturalidade, quando revela contextos de vida pessoal, social e identitário dos praticantes e da contra hegemonia, quando ressignifica códigos, normas e reconhece memórias. Revela-se ainda, na centralidade do praticante no processo, uma vez que compatibiliza com preceitos da Pedagogia Freiriana, proposta que enaltece os conhecimentos da cultura popular quando de qualquer processo de ensino e aprendizagem (ALMEIDA et al, 2021;LOPES, 2021).…”

“…Logo, teóricos convocam na Ginástica para Todos (GPT) o contraponto a modelos enrijecidos de se movimentar na ginástica, permitindo sua abertura a modos que acolham história, memória e lutas de povos (TOLEDO; TSUKAMOTO; CARBINATTO, 2016;BATISTA et al, 2020;ALMEIDA et al, 2021;LOPES, 2021). Dentre os esforços, prerrogativas para repensarmos o corpo que pratica ginástica.…”

“…Não obstante, pode (e deve!) apropriar-se da cultura em que está alocada, ressignificando, reafirmando ou mesmo apresentando-a aos praticantes, numa premissa de resistência à poderes hegemônicos de ginasticar (ALMEIDA et al, 2021;LOPES, 2021).…”

Freirean principles in the university extension in Gymnastics for All

“…Researches emphasize that the university may be the main responsible for its growth in Brazil (Graner, Paoliello and Bortoleto, 2017;Patricio, Bortoleto and Toledo, 2020), with emphasis on extension actions (Paoliello et al, 2014;Sargi et al, 2015;Carvalho et al, 2016;Ehrenberg and Miranda, 2016;Leles et al, 2016;Oliveira et al, 2016;Batista et al, 2020;Lopes and Niquini, 2021). Although recurrent, the works that indicate the proposal of PF in their process of teaching and learning in gymnastics, in a systematic and detailed way, are still incipient in the area (Batista et al, 2020;Toledo, 2020).…”

“…In "Tempo de corer" ("Time to run"), a choreography produced in 2016, the members assumed the political character of the work that addressed the environmental crime that occurred in the city of Mariana in 2015 (Lopes, Batista, and Carbinatto, 2017). In "Do barro à arte" ("From the clay to the art") (2018), which thematized the context of ceramic production in the Vale do Jequitinhonha, the collective was led to understand the uniqueness of regional popular culture (Lopes and Niquini, 2021).…”