A palavra horizonte em língua portuguesa pode ser compreendida, dentre tantos outros sentidos, como ponto de vista, domínio circunscrito de uma área, limiar de alguma coisa ou dimensão futura de algo. Logo, as acepções de horizonte para cada indivíduo ou coletivo serão múltiplas, o que possibilita o uso de horizontes no plural. Discursar sobre os horizontes da tradução é considerar a diversidade de campos, enfoques, abordagens e sujeitos envolvidos no ato da tradução enquanto produto e processo. Antoine Berman, em seu método de crítica de tradução Pour une critique des traductions : John Donne, talvez tenha sido o primeiro teórico dos Estudos de Tradução a falar sobre horizonte, em particular sobre o horizonte do tradutor. Segundo Berman (1995, p.79) "pode-se definir em primeira aproximação o horizonte como o conjunto dos parâmetros linguageiros, literários, culturais e históricos que 'determinam' o sentir, o agir e o pensar de um tradutor 1 ", o que significa reconhecer que um tradutor está inserido em um tempo/espaço, um contexto que não condiciona estritamente seu fazer, mas que de alguma forma o afeta. O estudioso ainda diz mais: A noção de horizonte tem uma dupla natureza. De uma parte, designando este-a-partir-de-que o agir do tradutor tem um sentido e pode se desdobrar, aponta o espaço aberto deste agir. Mas, de outra parte, designa o que é fechado, o que encarcera o tradutor em um círculo de possibilidades limitadas. (BERMAN, 1995, p. 80-81, itálicos do autor)