Dificuldades Da Assistência Ao Parto Domiciliar Na Ótica De Enfermeiras Obstetras

Abstract

<p>Objetivo: investigar as dificuldades encontradas pelas enfermeiras obstetras que estão atuando na assistência ao parto domiciliar. Método: estudo descritivo e de abordagem qualitativa. A coleta de dados foi realizada por meio de uma entrevista semiestruturada com nove enfermeiras obstetras que atendiam partos domiciliares há mais de um ano. Os dados foram analisados segundo a Análise de Conteúdo. Resultados: os depoimentos deram origem a três categorias que revelaram dificuldades relacionadas à: escassez de informações sobre o parto domiciliar; transferência do domicílio para o hospital; e lacunas do processo de trabalho. Conclusão: as enfermeiras obstetras enfrentavam dificuldades de ordem social e prática que fragilizavam e dificultavam a assistência ao parto domiciliar. Estas dificuldades parecem estar relacionadas à falta de regulamentação desse modelo de atenção ao parto nas políticas públicas de saúde do país.</p><p><br />Descritores: Enfermagem Obstétrica. Enfermeiras Obstétricas. Parto Humanizado. Parto Domiciliar. Saúde da Mulher.<br /><br /></p>

As dificuldades do parto domiciliar planejado no Brasil: Uma revisão sistemática

“…Os argumentos são fortes e estão baseados na ideia, desprovida de qualidade nas informações, de que o ambiente doméstico expõe a mulher e o bebê a riscos desnecessários, sendo considerado um retrocesso e/ou uma prática clandestina. Assim, os casais temem confrontar o paradigma vigente, tanto no âmbito familiar quanto nos espaços de convívio social (Lessa et al, 2014a;Pascoto et al, 2020;Sanfelice et al, 2014).…”

“…Também percebe-se que ainda há o desafio de enfrentar o discurso de profissionais de saúde, que supostamente conhecem a temática e, apropriados da autoridade que lhes é socialmente conferida, aconselham o abandono da ideia de um parto no domicílio, recomendando o parto hospitalar por ser considerado superior em segurança, menos doloroso e mais apropriado ao tempo em que vivemos (Feyer, Monticelli & Knobel, 2013a;Pascoto et al, 2020;Serres et al, 2018;Souza et al, 2020).…”

“…No contexto brasileiro, muitos estudos indicam que o SUS não abarca o atendimento ao PDP, com ausência de políticas públicas que respaldem esse modelo de assistência obstétrica (Collaço et al, 2017;Koettker et al, 2017;Pascoto et al, 2020), ainda que exista um pequeno número de PDP atendidos pelo sistema público de saúde, representado pelo Hospital Sofia Feldman (Oliveira et al, 2020). Diante dos resultados obtidos, percebe-se também que essa ausência de políticas públicas direcionadas ao modelo de PDP desencadeia a falta de diretrizes que orientem a prática profissional em domicílio, com protocolos criados de acordo com cada equipe profissional.…”

“…Diante dos resultados obtidos, percebe-se também que essa ausência de políticas públicas direcionadas ao modelo de PDP desencadeia a falta de diretrizes que orientem a prática profissional em domicílio, com protocolos criados de acordo com cada equipe profissional. Os resultados explicitam também que há um menor número de PDP quando comparados aos partos institucionalizados porque, apesar de o SUS indicar o direito da mulher à escolha do ambiente de parto (Pascoto et al, 2020;Volpato et al, 2020), a ausência de políticas públicas faz com que apenas casais com alto poder aquisitivo tenham o direito a essa modalidade de parto assegurado (Koettker et al 2015;Souza et al, 2020).…”

Adherence of professionals to good obstetric practices and interventions performed with parturients

“…Ressalta-se, considerando que os índices de morbimortalidade materna e perinatal reduziram-se consideravelmente, que a evolução da Obstetrícia e a ampliação dos programas de assistência a gestantes e neonatos contribuíram para isso, porém, originaram uma nova perspectiva que encara a naturalidade da gestação e o ato de parir como enfermidade, utilizando-se de intervenções de forma abusiva e, muitas vezes, inapropriada (4) . Em contrapartida, estudos recentes têm demonstrado que, em centros de parto normal, há uma menor chance de distocia fetal e hemorragia pós-parto, inclusive, as taxas de morbimortalidade neonatal assemelham-se às do ambiente hospitalar (5)(6) .…”