Resumo: O presente artigo remete à tese Organismo e sujeito: uma diferença sensível nas paralisias cerebrais (VASCONCELLOS, 2010), com filiação teórica no Interacionismo Brasileiro (DE LEMOS, 1992, 2002, entre outros) e em seus desdobramentos no Projeto Aquisição, Patologias e Clínica de Linguagem, coordenado por Maria Francisca Lier-DeVitto e Lúcia Arantes (LAEL/PUC-SP). Nela e no presente trabalho, procurou-se aprofundar uma discussão interessada nos efeitos de um corpo pulsional, apesar dos entraves que dizem respeito à condição orgânica de sujeitos com paralisia cerebral que não oralizam, com vistas a demonstrar a viabilidade de uma Clínica de Linguagem não conduzida por um raciocínio centrado nas dificuldades motoras desses sujeitos. O corpo-orgânico da Medicina foi abordado por meio de um diálogo com a Neurologia, a fim de se estabelecer sua distinção do corpo pulsional, enfocando-se os mais novos achados (técnicas de neuroimagem) e suas relações com o mais antigo (afirmações de Freud acerca da natureza das paralisias cerebrais), que sugerem forte convergência. A diferença, tanto teórica quanto clínica, introduzida na tese, é iluminada pelos efeitos dessa clínica que inclui a Comunicação Suplementar e Alternativa com seus sistemas de símbolos gráfico-visuais, que viabiliza a materialização do significante pela via do empréstimo do corpo e da voz do outro-terapeuta. Os dados analisados, dialógicos e coletados na clínica, falaram a favor da presença de um corpo-linguagem