Diagnóstico precoce do Transtorno Bipolar

Abstract

Um problema grave na psiquiatria é a demora no diagnóstico correto e o conseqüente tratamento adequado das patologias. Talvez o problema mais grave seja em relação ao Transtorno Bipolar (TB). Muitas vezes, os pacientes são erroneamente diagnosticados e tratados como esquizofrênicos, devido aos episódios psicóticos; em outras, nas formas mais leves do transtorno, como deprimidos, devido ao não reconhecimento de alguns sintomas, como irritabilidade, impulsividade e hiperatividade. 1 Esta doença é um importante problema de saúde pública. A prevalência é de, aproximadamente, 1%; 2 entretanto, quando são também consideradas formas mais leves deste transtorno (o chamado espectro bipolar), estudos indicam uma prevalência de até 6% na população geral. 3 Uma amostra de 70 pacientes diagnosticados como portadores do Transtorno Bipolar foi coletada por meio da entrevista clínica estruturada para o DSM-IV transtornos do eixo I (SCID-I), 4 em atendimento regular no Programa de Tratamento do Transtorno de Humor Bipolar (PROTHABI) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), RS, Brasil. Estes indivíduos vêm de vários lugares, incluindo encaminhamentos de médicos generalistas, especialistas e psiquiatras, pois o HCPA é um dos poucos hospitais terciários mantidos pelo governo com acesso fácil disponível em toda a região da grande Porto Alegre e interior do estado. A demora no diagnóstico desta doença foi evidente nesta amostra. O tempo, desde o uso da primeira medicação psiquiátrica na vida até o diagnostico de TB ser firmado, foi de 7,65 anos, com a média de idade de diagnóstico de 34,73 ± 12,34 anos e a do uso de medicação pela primeira vez na vida de 27,08 ± 11,86 anos (Figura 1). Esta diferença foi estatisticamente significativa (p < 0,01). É importante salientar que o início da doença geralmente se manifesta no fim da adolescência e início da idade adulta, 5 mais próxima dos 27 anos, o que corrobora o fato destes pacientes não estarem sendo diagnosticados e tratados no tempo certo nos locais onde são atendidos primariamente. Estes dados servem de alerta para o problema, pois os prejuízos que essa demora diagnóstica e, conseqüentemente terapêutica, acarreta são imensuráveis para os pacientes, suas famílias e para a sociedade em geral.

O Diagnóstico Precoce Em Pacientes Portadores De Transtorno Bipolar: Uma Revisão De Literatura

“…Além disso, um estudo britânico com 553 participantes com TB ocorreu bem caracterizado no primeiro episódio depressivo no início da doença estava associado a uma polaridade predominantemente depressiva e a episódios depressivos mais frequentes e graves. 9 Em todo o mundo a idade máxima de início de sintomas psicóticos graves, como TB e psicose, ocorre no final da adolescência e início da idade adulta. Não muito tempo atrás, os pesquisadores começaram a identificar características familiares e de doenças que nos ajudam a predizer esses diagnósticos.…”

“…Apesar de inúmeros estudos e pesquisas, a questão do TB continua apresentando dificuldade em distinguir quais alterações de humorismo/instabilidade estão no padrão de alterações nas emoções e comportamentos característicos do TB. 9,10 Os autores da Avaliação Psiquiátrica da idade Pré-escolar (PONTÍFICE) também cooperaram para distinguir entre sintomas de depressão e autodesorganização em pré-escolares. Estes exibiram que 5 dos 13 sintomas bipolares do DSM-IV eram mais típicos de crianças pré-escolares bipolares (indulgência, grandiosidade, hipertensão, ruminação e hipersexualidade) do que aquelas com transtornos disruptivos (TDAH, TDO e/ou D.C.).…”

Early stages of bipolar disorder: characterization and strategies for early intervention

“…8 The absence of any double-blind, placebo-or activecontrolled trial of pharmacotherapy for FEM clearly indicates a research gap and a need for such studies. In the research agenda, development of pharmacological treatments for early stages of BD should address symptom control, promotion of remission, and prevention of progression.…”

“…4,5 This effect can be observed on a number of outcomes, including shortening of inter-episodic interval, persistence of subsyndromal symptoms, cognitive deficits, higher number of hospitalizations, emergence of medical and psychiatric comorbidities, increased suicide risk, worse social adjustment, and poor quality of life. [6][7][8][9][10] Moreover, treatment response also appears to change as a function of episode frequency, as both pharmacological agents (e.g., lithium, olanzapine) and psychosocial interventions (e.g., psychoeducation, cognitive-behavioral therapy) seem less effective in multiepisodic BD. 11,12 The clinical progression described above is hypothesized to be subserved by neurobiological changes, the so-called neuroprogression.…”

DicTrans: o dicionário on-line multilíngue sobre o Transtorno do Humor Bipolar

“…Trata-se de uma doença com alto grau de mortalidade, cujo risco de suicídio é trinta vezes maior do que outros transtornos (GAZELLE et al, 2005).…”