Desafios para a Atenção Primária à Saúde no Brasil: uma análise do trabalho das agentes comunitárias de saúde durante a pandemia de Covid-19

Abstract

Resumo As fragilidades da Atenção Primária à Saúde podem ser reconhecidas por meio da análise do trabalho das agentes comunitárias de saúde. Uma vez que a situação enfrentada por essas profissionais representa desafios estruturais do sistema de saúde, este artigo tem como objetivo analisar a situação das profissionais em questão no enfrentamento à pandemia de Covid-19 no Brasil. Analisamos seus desafios com base nos dados coletados em um inquérito online e em netnografia. Para a realização da análise dos dados, optamos pela análise de conteúdo, inspirada na grounded-theory. Observamos três dimensões que representam como as agentes comunitárias de saúde experienciam a pandemia: mudanças nas práticas de trabalho, bem como nas interações entre trabalhadores e usuários e a expectativa do futuro no trabalho pós-pandemia. As análises mostram que para resguardar essas profissionais e garantir o funcionamento da Atenção Primária à Saúde é necessário contar com novas estratégias para viabilizar as dinâmicas locais de trabalho.

Estratégias E Desafios Da Atenção Básica No Enfrentamento À Pandemia Da Covid-19: Uma Revisão Integrativa

“…Dessa forma, a insuficiência na resolutividade dos problemas associada aos déficits de ações intersetoriais incide diretamente na promoção a saúde, nos determinantes sociais e na mitigação das desigualdades, o que são hoje um dos principais problema enfrentados pela AB. [14][15] Atrelado a esses problemas que a APS enfrenta, existem também a intensificação da demanda de trabalho dos profissionais de saúde, principalmente administrativa; descaracterização da rotina de trabalho com a interrupção das atividades em grupo, de visitas domiciliares e do aumento do tempo interno na Unidade Básica de Saúde. Esses desafios rotineiros que os profissionais de saúde enfrentam podem levar a adoecimento e afastamento destes profissionais, prejudicando a oferta dos serviços de saúde à população, haja vista que toda a equipe multidisciplinar da APS possui uma importante atuação em crises sanitárias que demandam enfrentamento comunitário pela familiaridade com o contexto local e a relação continuada que estabelecem com a comunidade.…”

“…Esses desafios rotineiros que os profissionais de saúde enfrentam podem levar a adoecimento e afastamento destes profissionais, prejudicando a oferta dos serviços de saúde à população, haja vista que toda a equipe multidisciplinar da APS possui uma importante atuação em crises sanitárias que demandam enfrentamento comunitário pela familiaridade com o contexto local e a relação continuada que estabelecem com a comunidade. 15 Nesse sentido, o estudo de Fernandez, Lotta e Corrêa 15 afirma que devido a intensa demanda de trabalho, associado a todo o declínio mental provocado pela pandemia, foi evidenciado uma diminuição expressiva da satisfação profissional, o que pode impactar diretamente na assistência humanizada, destacando-se dessa forma como grandes desafios da APS frente à pandemia da COVID- Portanto, o desafio de harmonizar as emoções ora negativas ora positivas e, especialmente, de manter certa esperança através de uma série de obstáculos (como carecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs), descaracterização do trabalho, falta de suporte da administração, medo da contaminação, estresse e excesso de trabalho) tais sentimentos incidem sobre o vínculo terapeutapaciente. 15 Estes problemas também foram retratados pelo estudo de Silva 16 que relata sofrimento dos profissionais com dúvidas sobre como deveriam enfrentar a pandemia e a dificuldade que os gestores apresentaram em orientar e apoiar as equipes que atuam na AB.…”

“…Desse modo, o estudo é capaz de contribuir no subsídio de novas estratégias e servir de modelo para outros sistemas de saúde no enfrentamento a pandemia da COVID-19. [14][15][16][17][18][19]…”

“…[14][15] É necessário um conjunto de abordagens territorializadas, focadas na prevenção e promoção à saúde dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse modelo deRECIMA21 --Ciências Exatas e da Terra, Sociais, da Saúde, Humanas e Engenharia/Tecnologia v.3, n.3, 2022 9 atenção à saúde é uma das estratégias que mais apresentou resultados positivos na manutenção e controle do processo saúde-doença da população brasileira, assumindo um importante papel atribuído majoritariamente pela atenção básica/primária, que se dá por meio de uma abordagem multidisciplinar, focada nos aspectos promocionais e preventivos à saúde da comunidade, sendo essencial no combate a cabe salientar que o desincentivo da abordagem territorial/comunitária e a aplicação do novo modelo de financiamento fragilizam a atuação da Atenção Primária à Saúde (APS) no enfretamento à pandemia da COVID-19 Não o bastante todos esses desafios que a APS enfrenta nos últimos anos, diversas tentativas de privatização da APS fragilizam os vínculos, mercantilizando as relações e afetando ainda mais os…”

O Papel Da Extensão Universitária Na Construção Educativa Da Identidade Profissional De Agentes Comunitários De Saúde De Nova Friburgo- Rio De Janeiro - Brasil

“…Disponível em: https://www.revistas2.uepg.br/index.php/conexao/article/view/18253  3 São inegáveis os avanços em saúde proporcionados pelo modelo de Atenção Primária à Saúde (APS), construído e adotado no Brasil ao longo de mais de 30 anos, e a relevância do papel do ACS neste processo. Atualmente, desafios sem precedentes são impostos ao Sistema Único de Saúde (SUS), que encara, além das demandas crescentes das doenças crônicodegenerativas, a persistência e doenças infectocontagiosas e os desdobramentos dos determinantes sociais da saúde cada vez mais complexos e desafiadores, além do grave quadro da pandemia do coronavírus deflagrada em 2020, colocando em xeque a capacidade de resposta da APS frente às demandas da população (GOMES et al, 2010;GALAVOTI et al, 2011;SALIBA et al, 2011;FILGUEIRAS;FERNANDEZ;LOTTA;CORRÊA, 2021).…”