Desafios da inclusão: a invisibilidade das pessoas com Transtorno do Espectro Autista no ensino superior

Abstract

Autistas tem chegado ao ensino superior e se deparado com desafios. O objetivo desta pesquisa foi identificar, do ponto de vista do estudante com Transtorno do Espectro Autista (TEA) o processo de adaptação à universidade, as dificuldades enfrentadas, as estratégias utilizadas e os recursos oferecidos pelas universidades. A pesquisa, qualitativa exploratório descritiva, foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos e realizada através de três Grupos Focais com autistas que frequentaram o ensino superior. Os resultados apontaram que, na adaptação à universidade, enfrentaram dificuldades relacionadas ao estigma, ao desconhecimento do TEA por parte da comunidade acadêmica, além de dificuldades causadas pelas características próprias do TEA, como a sobrecarga sensorial e emocional. Como estratégia de adaptação três participantes optaram por comunicar o diagnóstico à instituição de ensino superior, quatro relataram preferir que o diagnóstico não fosse revelado. Os participantes relataram dificuldades para obter adaptações didático-pedagógicas, apesar da existência de núcleos com essa finalidade. Apesar de cada autista demandar intervenções específicas, a IES necessita construir mecanismos que o acolham e favoreçam o processo de inclusão. Medidas universais, disponíveis a todo o corpo acadêmico, com foco em promover a equidade, defender e valorizar a diversidade e educar a comunidade do campus fornecendo informações sobre o TEA são necessárias não apenas para a inclusão do autista, mas para a construção de uma sociedade mais justa para todos.

Desafios enfrentados no processo de inclusão de indivíduos com transtorno do espectro autista no âmbito universitário

“…Os principais desafios enfrentados no processo de inclusão por esses indivíduos com TEA são a ansiedade, depressão, baixo auto estima, medos, estigmas sociais Carter;Stephenson, 2020;Aguilar & Rauli, 2020;Accardo et al, 2019), além de dificuldades no relacionamento com os profissionais do núcleo de apoio, assim como entre os próprios alunos da instituição de ensino (Figura 2) (Bolourian;Zeedyk;Blacher, 2018).…”

“…No tocante aos obstáculos sociais enfrentados pelos estudantes com TEA, está presente o estigma (Anderson & Butt, 2017;Aguilar & Rauli, 2020). Indivíduos com TEA são comumente estigmatizados devido a associação desse transtorno a incapacidades sociais e intelectuais e comportamentos aos quais geram "estranhamento" (Fernandes, 2020).…”

“…(Assis et al, 2021). No entanto, apesar desse processo de inserção estar mais avançado é notório que esses indivíduos ainda enfrentam desafios, como dificuldades em adaptações didáticopedagógicas, insatisfação com as adaptações acadêmicas voltadas para a inclusão, dificuldade dos professores em compreenderem as singularidades apresentadas pelos estudantes com TEA, além da vivencia de uma educação excludente, uma vez que não são ofertados serviços e auxílios como bolsas, exclusivamente para essas pessoas, além da ausência de preparo tanto dos professores como alunos para conviver com as limitações apresentadas por esses indivíduos (Aguilar & Rauli,, 2020;Olivati & Leite, 2019;Anderson & Butt, 2017;Sarrett, 2017).…”

“…A vista disso, constatou-se que a dificuldade de compreensão dos professores quanto às peculiaridades inerentes ao TEA é um importante desafio no processo inclusivo (Aguilar & Rauli, 2020;Acarddo, et al, 2019;Olivati & Leite, 2019;Sarrett, 2017). Nesse sentido, o estudo desenvolvido por Balbino et al (2020), evidenciou que essa deficiência na formação dos professores acarreta impactos diretos na consolidação da inclusão escolar.…”

“…Nessa perspectiva, ressalta-se que, como posto pelos autores dos artigos analisados neste estudo, a falta de preparo dos profissionais para lidar com as singularidades das pessoas com TEA se torna uma problemática a qual requer atenção das IES, pois decorrente deste fator, são estabelecidas barreiras a efetivação do processo inclusivo no meio acadêmico (Sarrett, 2017;Bolourian & Blacher, 2018;Accardo, et al, 2019;Olivati & Leite, 2019;Aguilar & Rauli, 2020).…”