PrEFáCio
Kaká PortilhoLaroyê. Caminhos complementares integrativos e interconectados, abertos! Nos cruzos da encruza (re) encontro escrevivências bioafroancestrálicas de existencialidades comunais. O mensageiro que por vezes, macho e outras fêmea, se apresenta nas narrativas que compõem a Série Pensamento Negro Descolonial: Epistemologias e Metodologias Negras, Descoloniais e Antirracistas. Partindo de dentro da academia -locus de enunciação da ideologia genocida proposta na suposição de superioridade de uma etnia recente e minoritária, sobre todas as outras; e de uma das cidades que fazem parte do conglomerado sul do Brasil, por seu histórico-local de concentração de muitos imigrantes oriundos das políticas de branqueamento no país; este pode ser considerado um trabalho pioneiro e desafiador, pois (re)estabelece a comunicação integralista: escrita, emoção, encantaria, ritual, ressonante em múltiplas vozes que se fundem num grito estridente e desestabilizador da pretensiosa tentativa de absolutização de uma "verdade universal", gerada na incubadora fálico-patriarcalista-ocidentalizada-brasileira.Os caminhos traçados nas encruzilhadas da pluralidade afroepistemológica, reequacionados na experiência diaspórico-brasileira, nos reconduz "para dentro", ao ventre das multilogias ulterinas de nossa(s) matriz(es), advinda(s) do continente africano.Com a comunicação estabelecida, abrem-se os portais de (re)conexão com o Todo, o Cosmo, a Mãe, cocriadora do multiverso, sem nunca ter deixado de lado seu par complementar. A outra metade da cabaça trina da existência divina.No livro, uma viagem, mergulho profundo à diversas formas de existir no mundo, incluindo a nossa, a matriarcal. Os textos seguem uma espécie de caminhada de retorno "A Casa da Minha Mãe", a África mitontológica, impulsionadora das sobrevivências, e ancestralicamente, ventre nutridor de nossas existencialidades, reorientadas para "ser o que nos impossibilitam ser", ou apenas, as tentativas de nos impossibilitar ser, todavia, sem êxito absoluto.Cada página em suas dolorosas e profundas fissuras, desvendam enganos, subliminaridades, materializações democraticamente racializadas, dissimulações neocoloniais, legitimadas nos mecanismos de poder, estruturantes da racista