Cultura material e práticas sociais no Caminho do Viamão: paisagens toponímicas, arqueologia do cotidiano das viagens, perfil e bagagem dos tropeiros (séculos XVIII e XIX)

Abstract

RESUMO Este artigo versa sobre métodos de leitura da paisagem e da cultura material, com foco na Carta geographica de projeção espherica da Nova Lusitânia ou América Portugueza e Estado do Brazil (1797), entrecruzada com relatos de práticos, engenheiros militares, naturalistas, pintores viajantes e maços de população coevos. De perfil arqueológico-filológico e em busca dos vestígios de uma fenomenologia dos modos de ser e estar em escala macrorregional, este artigo envereda pelo estudo da toponímia e preocupa-se em desvelar camadas de tempo, descrever e contextualizar dinâmicas, lógicas antrópicas de enraizamento e de mobilidade, fluxos em caminhos e rios nas suas possibilidades e dificuldades de comunicação. O Caminho do Viamão é aqui um pretexto para exercitar o que chamamos de Arqueologia da Paisagem, além de permitir espacializar territorialidades interimperiais analisadas do ponto de vista de suas dinâmicas cotidianas, com foco na cultura material e nas práticas sociais em suas interfaces com aspectos geomorfológicos e fitofisionômicos. No artigo, essa paisagem cultural é analisada em sua pluralidade, natural e antrópica, por meio de fontes primárias do século XVIII e dos primórdios do XIX, descrevendo-se o dia a dia das comitivas, o perfil social dos viajantes e o que havia na bagagem dos tropeiros.

Imagens dos povoados e vilas do interior do Brasil na iconografia e relatos da Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira (1783-1792)

“…Nos valemos também das análises de Ulpiano Bezerra de Meneses (1996Meneses ( , 2002 acerca da iconografia urbana e de cultura material, bem como os estudos Renata Malcher Araújo (1998Araújo ( , 2001) sobre a urbanização na região amazônica no período do XVIII. De Beatriz Bueno (2011, 2021 nos valemos do grupo de pesquisa Arqueologia da Paisagem (CNPq) que propiciou o relacionamento com o conceito em si, bem como o contato com diversos outros trabalhos que dialogam com as iniciativas da presente dissertação.…”

“…que caminham para esse entendimento e ampliação dos estudos de urbanismo e urbanização no Brasil indicamos os que foram essenciais para consolidar o presente trabalho: RubensGianesella (2008), Diogo Borsoi (2013, Damião Esdras (2017), NatháliaDiniz (2013), Marcio Cârvalho (2020), Allan Kato (2017), NádiaMoura (2018). Essas discussões nortearam a dissertação e ficam explícitas nos resultados obtidos, guiando o trabalho na coleta de dados e nas singelas conclusões.…”