Cotistas e não-cotistas: rendimento de alunos da Universidade de Brasília

Abstract

O texto discute o rendimento no curso de três turmas de alunos que ingressaram na Universidade de Brasília em 2004, 2005 e 2006, mediante vestibulares com dois sistemas de seleção, o de reserva de 20% das vagas para negros e o tradicional, de livre competição. Compararam-se as médias das notas de dois grupos de alunos em cada carreira, cotistas e não-cotistas, considerando o nível de prestígio social do curso e sua área do conhecimento do vestibular - Humanidades, Ciências e Saúde. Em linhas gerais, no conjunto das três turmas de cada área, os resultados mostraram que em aproximadamente dois terços ou mais das carreiras não houve diferenças expressivas entre as médias dos dois grupos ou estas foram favoráveis aos cotistas - apesar de exceção num único ano, nas Ciências. A principal tendência constatada, que encontrou eco em evidências empíricas de outras instituições, foi a da ausência de diferenças sistemáticas de rendimento a favor dos não-cotistas, contrariando previsões de críticos do sistema de cotas, no sentido de que este provocaria uma queda no padrão acadêmico da universidade.

Social quotas, affirmative actions, and dropout in the Business field: empirical analysis in a Brazilian federal university

“…Th ese results contradict the myth recalled by Bezerra and Gurgel (2012) and Velloso (2009) that holders of quotas would abandon the courses in a higher proportion than non-holders of quotas. In other words, dropout does not grow with the adoption of affi rmative actions in the HEI under study, on the contrary, in many cases it decreases.…”

“…According to Velloso (2009), the early quotas in the selection exams in Brazilian public universities emerged in 2003, initially at the Rio de Janeiro State University (UERJ) and at the University of Brasília (UnB), and they were aimed at students coming from public schools, blackskinned and Indian people. In the following years, several public Higher Education institutions (HEIs) begun to take affi rmative actions in selection processes.…”

“…In this line, Velloso (2009) states that "criticism of allocation of the vacancies is based on the argument that defi ciencies in the previous educational level of holders of quotas might consist in a threat to the quality of university education" (p. 52). Under this argument, McCowan (2007) recognizes the obstacle of reforming Higher Education without considering the primary and secondary levels, i.e.…”

“…"Although some universities with more prestige adopt affi rmative action programs, they seem to embrace more enthusiastically the inclusion goals" (p. 321). Another argument used to criticize the adoption of quotas and/or affi rmative action refers to the potential increase of dropout rates among students who entered through the system of quotas, something which could also negatively impact the system itself (Velloso, 2009) and consequently in Higher Education quality. However, this argument needs to be investigated, because dropout rates in public and private institutions are associated with considerable social, academic, and economic losses.…”

Uma avaliação do sistema de cotas raciais da Universidade de Brasília

“…O Plano de Metas para a Integração Social, Étnica e Racial ainda contemplava a reserva de um pequeno número de vagas para indígenas de todos os estados brasileiros, de acordo com demandas específicas de capacitação, e na medida em que dispusessem de alunos qualificados formados no ensino médio, também por um período de dez anos (CUNHA, 2006). Embora outros trabalhos já tenham abordado a problemática das cotas raciais na UnB, como Cunha (2006), Cardoso (2008), Velloso (2009), Velloso e Cardoso (2011) e Francis e Tannuri-Pianto (2012), este artigo pretende fazer pela primeira vez uma análise quantitativa do sistema de cotas raciais da UnB, analisando o desempenho dos alunos cotistas e não cotistas ao longo do curso, semestre a semestre. Para tanto, comparamos os dados do Índice de Rendimento Acadêmico (IRA), que assume valores no intervalo de 0 a 5 pontos, de alunos cotistas e não cotistas, semestre a semestre, do ingresso à saída da universidade.…”