O artigo visa problematizar as relações entre o processo de formação humana da infância da classe trabalhadora e a problemática da ‘exploração do trabalho infantil’, por sua vez tão envolta em mitos, polêmicas e equívocos, objeto de um certo senso comum por parte da academia, de instituições não governamentais e órgãos oficiais, da mídia e da população em geral. Nesse sentido, o enunciado do artigo objetiva trazer à discussão elementos teórico-conceituais acerca da problemática em questão, nos quais ganha centralidade a pergunta-síntese/pergunta-problema: ‘trabalho infantil ou exploração do trabalho infantil?’, circunscrita à perspectiva histórica do sistema capitalista de produção. Tanto a literatura acadêmica quanto os documentos e dados oficiais e mesmo os não governamentais (terceiro setor) privilegiam a expressão ‘trabalho infantil’, ao invés de ‘exploração do trabalho infantil’. Nesse viés, a ideia é, do ponto de vista metodológico, refletir a partir da literatura existente e dos dados estatísticos. Entendemos que o escamoteamento da palavra ‘exploração’ é parte da estratégia política e discursiva que busca desviar o foco social do elemento central da sociedade capitalista: a exploração da mais-valia. Desse modo, podemos afirmar que confusões conceituais, etimológicas, epistemológicas e ideológicas a respeito do tema são parte do jogo discursivo político-ideológico aparente e, tratando de aspectos superficiais do problema, contribuem para o enfraquecimento da luta por outra sociedade, persistindo o problema diante das contradições e crises insolúveis do capital, que tem na miséria oriunda da exploração do trabalho o elemento central de sua produção/reprodução.
Palavras-chave: Trabalho. Educação. Infância. Exploração.