Condição de saúde bucal e a percepção sobre atenção odontológica de gestantes

Abstract

Introdução: A gravidez é uma condição sistêmica que envolve mudanças fisiológicas e psicológicas complexas. Esse período também pode envolver uma variedade de alterações bucais, influenciadas por alterações hormonais e comportamentais. Apesar de assistência odontológica durante o pré-natal ser recomendada por diretrizes do Ministério da Saúde como parte integrante dos cuidados durante a gravidez, a demanda por serviços odontológicos ainda é baixa entre as gestantes. Objetivo: Identificar e analisar, por meio de uma investigação quanti-qualitativa, determinantes do atendimento odontológico durante a gravidez, com base em dados subjetivos relativos à percepção de saúde bucal de gestantes, bem como sua condição de saúde bucal. Material e Métodos: Participaram do estudo onze gestantes com pré-natal iniciado no Sistema Único de Saúde. Os dados foram coletados a partir de entrevista semiestruturada e exame clínico bucal. A análise quantitativa foi realizada por meio da distribuição das frequências dos dados tabulados e os dados qualitativos foram analisados por meio de análise de conteúdo temática proposta por Bardin. Resultados: O índice CPO-D das gestantes foi de 7,8, revelando uma alta prevalência de cárie. Em relação a condição periodontal, 81,8% apresentaram sangramento gengival à sondagem e 36,4% presença de bolsa periodontal. Os altos custos do tratamento odontológico, o medo, as crenças populares e a falta de informação das gestantes sobre a assistência odontológica durante a gravidez foram identificados como barreiras ao tratamento odontológico durante a gestação. Conclusão: Os resultados mostraram que, apesar de as gestantes possuírem necessidade de tratamento odontológico e reconhecerem esse fato, existem barreiras que dificultam sua adesão à atenção odontológica. Dentre estas, o desconhecimento da necessidade de tratamento odontológico neste período da vida foi a maior barreira identificada.

Cuidado odontológico: percepção das gestantes na Atenção Primária à Saúde

“…A fim de auxiliar as gestantes contribuindo para uma gestação tranquila e saudável, os profissionais de saúde devem realizar uma atenção integral à saúde da gestante. 13 Nas consultas de pré-natal, os assuntos discutidos eram relacionados principalmente a questões clínicas da paciente e ao estado de saúde do bebê: "[...] ela perguntou o que eu estava sentindo, sintomas, se eu estava bem, passou remédios, vitaminas [...] eles estavam suspeitando de diabete gestacional [...]" (G2B1) "A maioria das orientações era em cima do peso da nenê, que era um pouco abaixo do peso [...]" (G4B1) Observou-se que, tanto na UBS, onde existem médicos especialistas, quanto na USF, onde o médico responsável pelo atendimento pré-natal é o médico da família, o pré-natal ocorre em periodicidade igual; e mesmo onde há a presença de estudantes, sempre há um profissional da saúde formado e responsável pelo atendimento.…”

“…19 Em relação à desconfiança quanto ao uso de anestesia local durante a gestação, o Conselho de Terapêutica Odontológica Norte-Americano recomenda que os anestésicos locais devem ser usados nos procedimentos odontológicos junto com vasoconstritores, pois a quantidade utilizada é baixa, e as vantagens como o aumento da duração do efeito anestésico são maiores, além de diminuírem a toxicidade e promoverem boa hemostasia local. 13 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E SUAS INTERFERÊNCIAS NO CUIDADO BUCAL Situações adversas realacionadas à gestação incluem nascimento prematuro, baixo peso do recém-nascido e comorbidades relacionadas ao baixo peso (muitas vezes sem uma causa estabelecida 29 ), pré-eclâmpsia 21 , ulcerações nos tecidos gengivais, granuloma gravídico, gengivite, perda dentária, diminuição do fluxo salivar e erosões dentárias. 30 Doenças bucais, como as periodontites, podem ser um fator de risco para essas adversidades.…”

Os Fluxos De Atendimento Na Rede De Atenção as Gestantes Quanto as Motivações Clínicas: Uma Revisão Integrativa

“…Especificamente, sobre as intercorrências hipertensivas, o Manual de Gestação de Alto Risco do Ministério da Saúde(2022), destaca que essas são a intercorrência clínica mais comum da gestação e representam a principal causa de morbimortalidade materna no mundo, o que carece de uma ação efetiva acerca dessa problemática, desde a promoção da saúde a reabilitação de agravos decorrentes.Por sua vez, o diabetes mellitus na gestação também é ressaltado como uma intercorrência comum quanto ao atendimento pré-natal, com complicações a curto e longo prazo, tanto para mulher como para criança; é uma condição que deve ser monitorada e assistida de modo integral. Assim, outras intercorrências também foram observadas, tais como o aparecimento de infecções e queixas odontológicas(CUNHA et al, 2021).…”