Ser, eu diria, não é estar em um lugar, mas estar ao longo de caminhos. O caminho, e não o lugar, é a condição primordial do ser, ou melhor, do tornar-se. Tim Ingold, Estar Vivo. 2015. Prelúdio Nos dias de hoje, o corpo se tornou símbolo de lutas políticas, sociais e simbólicas, que pode ser exaltado, agredido, intoxicado por bombas de gás lacrimogênio, encarcerado, e até mesmo vaiado e alvo de "memes". Corpos estão em evidência nos espaços públicos e estão marcados por posições políticas que devem ser visíveis na paisagem urbana e serem reconhecidas socialmente por meio de práticas corporais, além de diferenças de cor, geração, classe, gênero e orientação sexual. Esta visibilidade espalha-se pelas redes sociais, cujos selfies propagam-se compulsivamente nas passeatas e nos passeios. Ao longo dos últimos anos, muitas manifestações ocuparam as ruas das principais cidades brasileiras, em movimentos mais pendentes para a esquerda outros mais para a direita e mostraram, por meio dos corpos dos(as) manifestantes, quais eram as suas reivindicações. Uma camiseta vermelha pode significar o apoio ao Partido dos Trabalhadores e à (ex)presidenta Dilma, o que acarreta, certas vezes, agressões verbais e físicas em determinados contextos. Uma camiseta verde-amarela [da Confederação Brasileira de Futebol-CBF], que simbolizaria simplesmente torcer para a Seleção Brasileira durante a Copa do Mundo, hoje pode representar uma posição política e de classe, ainda que algumas vezes com imprecisões e indeterminações.