INTRODUÇÃOAs infecções agudas do trato respiratório são as doenças mais comuns em crianças e adultos; ocorrem em todas as partes do mundo; porém, nos países em desenvolvimento, levam a maior mortalidade, principalmente na faixa etária menor de 12 meses (0,7/100.000 na França versus 251/100.000 na Guatemala -década de 1980), constituindo-se objeto prioritário de atenção de políticas públicas de saúde 1,2 . No Brasil, as doenças respiratórias são responsáveis por mais de 40% das consultas médicas e mais de 30% das admissões hospitalares; nestas, cerca de 10% dos pacientes evoluem para óbito 2 . Na última década, a mortalidade por infecções respiratórias agudas vem diminuindo, assim como a taxa de mortalidade por esta causa em crianças menores de 5 anos (50 para 10/1000/ano) 3 . Do total das infecções agudas envolvendo o trato respiratório, calcula-se que cerca de 10% acometem o trato respiratório inferior. Aproximadamente uma em cada quatro crianças menores de 12 meses é avaliada por pediatra, a cada ano, por infecções das vias aéreas inferiores 4 . A apresentação e a evolução destes pacientes são variáveis, de acordo com o agente causal 5 e a doença desencadeada; os casos mais graves estão freqüentemente associados às bronquiolites e pneumonias com insuficiência respiratória 1 . Considerando somente as infecções causadas por vírus sincicial respiratório (VSR), ocorrem cerca de 123.000 hospitalizações/ano de crianças menores de 12 meses nos Estados Unidos da América, com gastos anuais estimados de 300 a 400 milhões de dólares 6 . As infecções respiratórias baixas (especialmente aquelas causadas pelo VSR e parainfluenza) podem levar a episódios recorrentes de sibilância por toda a infância 7 , particularmente mais freqüentes no primeiro ano de vida. Em estudo com 499 crianças, demonstrou-se que o risco relativo (RR) de dois ou mais episódios de sibilos no primeiro ano de vida foi maior para as infecções respiratórias baixas prévias (RR=2,25) do que para tabagismo materno durante a gravidez (RR=1,83), peso baixo ao nascer (RR=1,28) e alergia a baratas no ambiente domiciliar (RR=1,63) 8 . Tem-se verificado como fatores de risco para doença respiratória: idade (lactentes jovens e idosos), aglomeração (lares com maior número de irmãos e creches); sexo masculino, desnutrição protéico-calórica, ausência de aleitamento materno e poluição ambiental (tabagismo materno e uso de lenha e gás dentro dos domicílios) 9,10 . No entanto, não existem evidências consistentes da relação entre condições socioeconômicas desfavoráveis e baixa escolaridade materna e risco para doença respiratória aguda baixa 10,11 . Em relação à evolução clínica desfavorável, os fatores mais fortemente associados a pior prognóstico são as anormalidades anatômicas, metabólicas, imunológicas e genéticas 1 .