Resumo:Este estudo visa a apreender como e em que circunstâncias famílias formadas por casais de diferentes origens étnico-raciais, sendo um negro e outro branco, preparam e/ou auxiliam seus filhos para enfrentar as discriminações que possam vir a sofrer em decorrência do racismo contra negros. Para tanto, foram entrevistados pais, mães e os filhos de duas famílias inter-raciais, perfazendo um total de sete entrevistas. Buscou-se aprofundar os conhecimentos sobre a socialização dos filhos mestiços, em famílias inter-raciais, a partir das falas do pai, da mãe e do próprio filho. Os dados obtidos e analisados permitem concluir que as famílias se valem de algumas estratégias para auxiliar os filhos a enfrentar o problema do racismo e da discriminação racial, apesar das dificuldades para elaborá-las, e que isto não constitui, pelo menos, aparentemente, prioridade na educação dos filhos. No entanto, pôde-se observar que há orientação para a construção do pertencimento racial e para os possíveis atos discriminatórios que os filhos poderão vir a sofrer. Desse modo, a orientação está associada a experiências discriminatórias vivenciadas pelos filhos, na família mais ampla, na escola, na rua, em clubes, mas se relaciona, também, a fortes laços afetivos.